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Vinho frisante é a nova “menina dos olhos” da Cooperativa Beira Serra

Adega de Vila Franca das Naves ultrapassou dificuldades financeiras e pretende apostar «cada vez mais» no mercado da exportação

Disponível nas variedades rosé, tinto e branco, o vinho frisante “Terras de Bandarra” é a mais recente aposta da Cooperativa Beira Serra. Josefina Torres está à frente da direção da Adega de Vila Franca das Naves há cerca de seis anos e meio e assegura que as dívidas da instituição, que chegaram a atingir os 11 milhões de euros, já foram saldadas e que a prioridade agora é apostar na exportação.

A responsável pela Adega, que iniciou há pouco tempo o seu terceiro mandato, assegura que o público está a «gostar muito» do novo produto, que considera um vinho «muito agradável, leve, suave, macio, adamado e frutuoso». Em suma, «tem todas as características de um bom vinho, tem de ser bebido muito fresco e é mais indicado para acompanhar agora as comidas de verão, como peixes e partos leves». A dirigente está crente no sucesso do frisante e acredita que «pode ser o produto de referência da casa para os próximos anos porque é um vinho que está muito na moda», salienta. Entretanto, uma «surpresa» adiantada por Josefina Torres foi a de que a Beira Serra está com ideias de fazer espumante este ano com o intuito de apostar «noutro produto para ganhar outro mercado»: «Já marcámos uma Assembleia Geral para dia 28 deste mês e queremos dar a novidade aos sócios», realça.

A Cooperativa tem neste momento 16 trabalhadores e «aposta em exportar cada vez mais», sendo que atualmente França é o país que recebe mais vinho da Adega de Vila Franca das Naves, num total de 200 mil litros por ano, que representam um encaixe anual de cerca de 300 mil euros. «Os vinhos que exportamos para França são vendidos quase ao dobro do que cá e isso dá-nos um bocadinho mais de força e nós não temos trabalhado o mercado estrangeiro, mas vamos trabalhá-lo», sustenta. A Beira Serra tem a aconselhá-la atualmente uma empresa de consultores que realçou que «os vinhos topos de gama só representam cinco por cento das vendas no mercado», daí que, em virtude de haver uma «saída muito grande dos vinhos correntes Beira Serra, queremos apostar nesses vinhos e melhorar ainda um bocadinho a qualidade para serem competitivos em termos de qualidade e de preço, porque esse é que vai dar lucro à empresa».

Nesse sentido, a responsável sublinha que «não temos de apostar nos produtos topos de gama, mas nos produtos de grande saída. Não queremos ter ilusões na cabeça, mas antes ter os pés bem assentes na terra. Se os vinhos topo de gama só têm cinco por cento de saída porque é que vamos apostar neles? Vamos apostar nos vinhos mais correntes e na gama média», garante. Josefina Torres salienta que foi «muito, muito difícil» conseguir «sanear as contas e ter que recuperar de mais de 11 milhões de euros de dívidas» que a instituição tinha quando assumiu os seus destinos: «Foi uma luta muito grande. Foi preciso pormos travões nas despesas e irmos recuperar os créditos mal parados que havia. Foi preciso um dos sócios e diretor pôr-se ali à porta e não deixar sair carradas de vinho sem o respetivo pagamento porque havia muitos créditos mal parados. E houve muito dinheiro que nunca o chegámos a receber», revela.

Para esta recuperação contribuiu ainda a renegociação da dívida com a Caixa Geral de Depósitos, que na altura era o principal credor, e «conseguimos de facto pagar a grande hipoteca que esta cooperativa tinha e agora estamos a trabalhar com os nossos próprios meios». A presidente da direção garante que foi «muito difícil cumprir os prazos de pagamento e pagarmos tudo a quem devíamos, mas, hoje, a cooperativa e os vinhos de Vila Franca das Naves têm futuro e esta é uma casa viável». A dirigente adianta que já foram adjudicadas «algumas obras na adega, que estava a necessitar muito» e «também nos queremos modernizar e atualizar e queremos ver se isto cresce» até porque «a Adega Cooperativa era aqui um polo industrial e comercial bastante forte».

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