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Vinho e gastronomia junta “G15” na Guarda

Começou por ser um grupo de debate sobre os problemas da restauração, mas foi ganhando outras dinâmicas e hoje o “G15” é um pequeno clube, seleto q.b, de gente que gosta de boa comida e, se possível, melhor bebida, que se reúne uma vez ao mês. É assim que António Maximino vê o grupo de que faz parte e que, na passada terça-feira, juntou no restaurante Colmeia, na Guarda, 60 comensais. Como refere o empresário, e anfitrião do último jantar, «do debate à mesa entre profissionais, evoluiu-se para a degustação de comida e bebida». À boa comida, o grupo juntou produtores de vinho. São «os melhores» dos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda – «restaurantes e vinhos».

«Quanto mais se bebia, melhor me sabia», glosou Dirk Niepoort

Ao Colmeia calhou em sorte o sorteio do produtor mais consagrado dos G15: Dirk Niepoort, porventura «um dos melhores produtores de vinho do mundo». E seguramente um dos mais destacados e prestigiados produtores de vinho do Douro e de Portugal.

A reputada casa Niepoort, sedeada na Quinta de Nápoles, no concelho de Armamar, presenteou os convidados com distintas provas dos seus afamados néctares, sobressaindo os tintos “Batuta” de 2005 e fechando o repasto com um “Charme” de 2006, que o produtor apresentou como «de estrutura superior». Para trás tinham ficado os brancos da conhecida marca de Douro e o “Doda” que Dirk Niepoort “inventou” com Álvaro de Castro (também presente), da Quinta de Saez, no Dão, e que é o primeiro vinho resultado da mistura de vinhos de regiões diferentes, tão diferentes, como Douro e Dão. Depois, ainda houve “peito” para os digestivos da Porto Niepoort.

Apesar dos tempos de crise, e à margem da pequena festa de paladares que se viveu no Colmeia, Dirk Niepoort confessou que este tempo, para a sua família, tem sido muito bom, a todos os níveis, inclusive «por nos obrigar a ir mais devagar e termos tomado decisões mais cautelosas», ao mesmo tempo que considera que «em Portugal, pelo isolamento, por sermos um país periférico e com algum atraso, continuou a haver uma arte de fazer que outros perderam» e que «o mundo já não tem isso», concluindo que o país «tem um tesouro: o vinho». «O nosso terroir, as castas, as vinhas velhas… nenhum outro país tem este património», concluiu o produtor. Enquanto criticava o planeamento que é decalcado a «partir de Bruxelas ou Lisboa sem respeitar as tradições e o saber fazer dos antigos». Dirk Niepoort aproveitou ainda para deixar uma mensagem a outros produtores, em especial «para os que começaram há pouco: é preciso fazer bem, não ter pressa, porque o vinho bom não se pode fazer depressa», até porque «o vinho é para ser bebido com gozo».

Luis Baptista-Martins

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