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Vila Franca das Naves não desiste do Agrupamento de Escolas

Autarca de Trancoso avisou que fusão vai acontecer «mais cedo ou mais tarde» e que o importante é garantir «por escrito» a continuidade do 3º ciclo

Mais de 500 assinaturas e vários argumentos contra o fim do Agrupamento de Escolas de Vila Franca das Naves, que entra em vigor a 1 de Julho, constam da petição que a Associação de Pais da localidade do concelho de Trancoso entregou, no sábado, à ministra da Educação.

Antes da cerimónia de entrega da medalha de ouro ao primeiro-ministro e da inauguração de um novo edifício escolar em Trancoso, um grupo de país abordou Isabel Alçada para lhe pedir que trave esta medida, que implica a concentração dos três Agrupamentos do concelho num só com sede na cidade. Na resposta, a governante referiu que a decisão é um «acto de gestão e de poupança» que não afectará os alunos ou a escola vilafranquense, mas prometeu analisar o caso. O primeiro-ministro também foi abordado pelos pais, aos quais respondeu que esta fusão «é para o bem de todos». A meio da semana os habitantes de Vila Franca das Naves acordaram não baixar os braços contra o fim do Agrupamento de Escolas local, com 292 alunos, e a perda de autonomia do estabelecimento de ensino. Reunidos, na noite de quarta-feira, no Centro Cultural da localidade, uma centena de populares, professores e autarcas descartaram quaisquer protestos para já.

Também o município vai opor-se a este novo modelo. «A decisão de concentrar os três Agrupamentos de Escolas do concelho num só é ilegal porque não foi precedida da revisão da nossa Carta Educativa, além do Conselho Municipal de Educação não ter sido ouvido», disse o presidente da Câmara. Mas há outro argumento, pois esta fusão ainda continua por se concretizar em Almeida, Seia, Gouveia ou Guarda. «E enquanto assim for, recusamos ir na frente», avisou Júlio Sarmento, considerando que o assunto não vai ser pacífico no distrito. De resto, também estranhou que «ninguém consiga encontrar o despacho do secretário de Estado, nem a decisão que esteve na base da deliberação da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC)» relativamente a Vila Franca das Naves. «Isto só prova que este caso é mesmo muito estranho», acrescentou.

O autarca também não deixou de avisar que, «mais cedo ou mais tarde, esta fusão vai acontecer» e que os vilafranquenses devem é preocupar-se em garantir «por escrito» que o 3º ciclo vai manter-se numa escola que tem obtido «muito bons resultados». A concluir, Júlio Sarmento disse acreditar que o fim do Agrupamento de Escolas de Vila Franca das Naves se concretizará este ano e que «haverá sempre escola a funcionar» no segundo pólo urbano do concelho. Contudo, António José Martins, ex-vereador socialista residente na vila, manifestou uma opinião contrária ao dizer que «eliminar a gestão é o primeiro passo para acabar com a escola a médio prazo». Por sua vez Joaquim Pedroso, da direcção do Agrupamento, admitiu que a fusão pode vir a comprometer a escola no futuro. Tudo porque há, em média, 20 alunos por turma, um número que baixa ligeiramente no 5º ano.

«Se assim continuar, a longo prazo não haverá capacidade para formar turmas de acordo com o previsto na lei», reconheceu. O professor explicou depois que, até agora, «é possível formar turmas com 20 alunos – a lei estipula entre 24 e 29 – porque temos uma unidade de gestão. No futuro, essa decisão já não será nossa». Até lá, o que acaba com o fim do Agrupamento são os serviços administrativos e os Conselhos Geral e Pedagógico. Entretanto, a petição on-line contra o fim do Agrupamento já tem cerca de 500 assinaturas.

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