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Vida nova?

Pois, Pois

Cerca de 80 por cento dos portugueses esperam que 2008 seja ainda pior do que 2007. Desgraçadamente, são bem capazes de ter razão. E o pior é que 2007 já foi um ano para esquecer. Pelo sétimo ano consecutivo, crescemos abaixo da média da chamada “Europa dos 15”, ela própria uma das zonas menos dinâmicas do mundo. O desemprego (que não pára de subir) já está acima dos 8% e da média comunitária, coisa que já não se via há muito tempo. O endividamento do Estado, das empresas, dos bancos e das famílias (atrelado à flutuante e instável Euribor) atingiu níveis estratosféricos. Numa palavra, pela primeira vez, nos últimos 50 anos, Portugal afasta-se de forma persistente e consistente do clube dos mais ricos.

Perante este cenário, os políticos indígenas propõem as soluções do costume: a educação à cabeça (já teve vários nomes: “instrução”, “formação”, “qualificação”, e agora acho que se chama “choque tecnológico”) e depois as obras públicas (aeroporto e TGV são os últimos grandes “desígnios nacionais”), e, claro, sempre que a coisa dá para o torto (e dá sempre), lá aparece o inevitável discurso sobre o problema do défice. Quem sabe um bocadinho de História sabe que este paleio tem quase 200 anos, e com os resultados que se conhecem. E não saímos disto. Espanta por isso que poucos se interroguem sobre se não haverá outro caminho possível. Para a classe política que nos pastoreia, manifestamente não há.

Na cabeça de José Sócrates, um homem notoriamente superficial, a salvação da pátria passa, entre outras medidas avulsas, em andar por aí a distribuir computadores. A isto o nosso primeiro dá-lhe o nome pomposo de “choque tecnológico”. A perda, segundo dados recentes do INE, de 167 mil empregos qualificados nos últimos dois anos é, de facto, um choque, só não me parece é que seja tecnológico.

Por sua vez, Luís Filipe Menezes, das poucas vezes que abriu a boca desde que é líder do PSD, foi para propor um “pacto de regime” para as grandes obras públicas – cá está a outra vez a solução do costume.

Para mais, estão todos, de uma ponta à outra, amarrados ideologicamente a um “modelo social” falido e, ainda por cima, iníquo, que protege mal quem realmente devia proteger (por exemplo, os mais velhos com pensões miseráveis) para assim poder manter uma série de serviços gratuitos para quem não precisa dessa gratuitidade. Esta política tem como resultado visível e óbvio o progressivo empobrecimento dos portugueses. E, pelos vistos, não servem de nada as demonstrações, até à exaustão, desta evidência por vários estudiosos – com especial destaque para Medina Carreira.

Moral da história? Com estes políticos e estas “ideias” não vamos a lado nenhum e não há, de facto, razões para grandes optimismos em relação a 2008.

Por: José Carlos Alexandre

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