«Acho fantástico podermos conhecer a obra e a vida de Vergílio Ferreira através deste “brinquedinho”». É deste modo que Álvaro Amaro, presidente da Câmara de Gouveia, vê o CD multimédia dedicado ao romancista natural de Melo, cuja apresentação decorreu na última sexta-feira, precisamente no dia do 89º aniversário do nascimento do escritor.
Esta ferramenta informática, à disposição do público desde segunda-feira, é o mais recente contributo para divulgar e “imortalizar” Vergílio Ferreira. O CD apresenta dados e imagens sobre a vida pessoal, dados biográficos e cronológicos, vários pontos da sua terra natal, assim como da sua casa, o seu percurso, obras, biblioteca, bem como testemunhos do próprio autor e de personalidades que com ele privaram. São ainda apresentadas as várias obras premiadas com o galardão homónimo, instituído pela Câmara de Gouveia. Para João Rebocho, director da Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, este guia interactivo é um «documento com uma capacidade quase inesgotável» e um «instrumento de trabalho» para os estudantes que assim poderão conhecer melhor e mais facilmente a obra de um dos mais importantes romancistas portugueses do século XX. Neste sentido, a autarquia vai oferecer um exemplar às escolas do concelho. Patente no CD está também a «influência» de Melo na obra e sensibilidade do escritor, esperando-se que possa por isso suscitar o interesse pela visita à aldeia.
De resto, o CD «enriquece e satisfaz muito a curiosidade das pessoas que estão a ler Vergílio Ferreira, levando-os a quererem saber mais sobre o romancista», assegura João Rebocho. Por sua vez, Rogério Figueiredo, vereador da Cultura na Câmara de Gouveia, diz que a iniciativa está inserida na «preocupação do município em divulgar a obra de Vergílio Ferreira», considerando «fundamental» a sua apresentação em termos digitais. «Este CD vai fazer com que as pessoas leiam, conheçam e depois admirem», garante, adiantando que proximamente será lançado um CD com poemas de Vergílio Ferreira musicados por Francisco Ceia. Já Álvaro Amaro considerou «fantástico» o facto da obra e vida de Vergílio Ferreira poderem ser conhecidas através de um «”brinquedinho”». Entretanto, como o acesso às novas tecnologias ainda não está ao alcance de todos, o edil aproveitou a ocasião para assegurar que «periodicamente» todas as freguesias vão receber uma biblioteca itinerante, onde os munícipes poderão conhecer o escritor mais famoso do concelho.
Falando nas origens de Vergílio Ferreira, o presidente da Câmara gouveense frisou ser intenção do município assegurar que Melo tenha «uma especificidade de ordem cultural associada ao desenvolvimento». Neste âmbito insere-se a requalificação do Chão do Paço, cujo concurso será aberto «em breve», num projecto «magnífico» que representa um investimento de 290 mil euros, sendo que 130 mil serão comparticipados pelo Estado. Vergílio Ferreira nasceu em 1916 e faleceu em 1996, em Lisboa. Frequentou o Seminário do Fundão (1926-1932) e licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1940). A par do trabalho de escrita, foi professor de Português e de Latim em várias escolas do país. Inicialmente neo-realista, cedo se deixou influenciar pelos existencialistas franceses como André Malraux e Jean-Paul Sartre, iniciando um caminho próprio a partir do romance “Mudança” (1949), tendo arrebatado vários prémios a nível nacional.
Ricardo Cordeiro
