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Vida (1)

Sinais do Tempo

A morte e a vida são indissociáveis, é óbvio. A linha que as une (ou separa) é ténue e frágil. Compete-nos a todos manter ao longo da vida o equilíbrio suficiente para retardar a quebra.

Li recentemente que no cume do Kilimanjaro o gelo tinha derretido, algo nunca visto. Mas também li, e sei, que pouco choveu em Portugal e, consequentemente, o ano vai seco e os animais não têm pasto. Assim, ficaremos ainda mais dependentes do estrangeiro em relação a alguns bens de consumo provenientes da terra. Também sei, e também li, que os incêndios florestais estão para chegar. O aquecimento global é uma realidade. Em resumo, muito está a mudar na Terra, mas pela negativa, custo relacionado com a nossa intensa busca de prazer e conforto.

Em contrapartida continuamos a não nos preocuparmos com as indústrias poluentes que nos servem, continuamos a utilizar diariamente o automóvel, por vezes, em deslocações curtas e de forma desnecessária.

As “belas” auto-estradas, marca do desenvolvimento, são feitas com mistura de alcatrão, permitindo que um maior número de automóveis ligeiros ou pesados circulem mais rápido com maior queima de combustíveis. Consumimos electricidade esquecendo que grande parte provém de combustíveis fósseis, a água é frequentemente esbanjada nos jardins, relvados e a alindar os nossos belos automóveis. Vamos ao hipermercado e regressamos carregados de sacos de plástico sem nos interrogarmos quanto do ambiente foi danificado para a sua produção. Desafio as gerações entre os 40 e 60 anos a comparar o lixo e o desperdício produzido há 30 anos e aquele que produzem actualmente.

As grandes florestas têm sido devastadas nos vários continentes satisfazendo interesses económicos das grandes empresas e dos próprios países.

Infelizmente as preocupações ambientais entraram recentemente nas agendas dos políticos e cada nova medida positiva demora uma eternidade a passar do papel para a prática.

Li recentemente que os cerca de 280 Km de ciclovia previstos para a região de Lisboa vão ficar à espera de melhores dias. Mesmo sem grandes despesas qualquer rua da nossa cidade poderia ter zonas demarcadas para que as bicicletas pudessem circular em segurança, na nossa e em tantas outras.

Pertencemos ao grupo dos países desenvolvidos (na cauda, mas cá vamos) o que tem como valor acrescentado (?) a abundância, o esbanjamento e a poluição.

Dependendo da dimensão e elasticidade da nossa linha, passamos pela Terra de forma mais ou menos rápida e compete-nos deixá-la como a encontrámos ou, se possível, melhor.

Por: João Santiago Correia

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