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Víctor Amaral bate com a porta no Aquilo – Teatro

Os sintomas da divisão do grupo vieram à tona com a demissão do presidente da direcção

Um mês depois de ter sido reconduzido à presidência do Aquilo-Teatro, Víctor Amaral, abandona o cargo, alegando divisões internas difíceis de sustentar do ponto de vista pessoal. O presidente demissionário, sem referir nomes, aponta como causa da instabilidade, um grupo de pessoas encabeçadas pelo que denomina de «motor da contestação», visando implicitamente, Américo Rodrigues, fundador do Aquilo e animador cultural da Câmara da Guarda.

«Não tenho condições para me manter na gestão da cooperativa», afirma Víctor Amaral, por estar perante «dificuldades incontornáveis» decorrentes de «uma permanente e activa agressividade», que provocou uma divisão interna da cooperativa. Apesar de não adiantar causas específicas, acrescentou que existe uma facção importante de cooperantes que «contestam, em conflito activo, a legitimidade dos que foram eleitos». Acrescentando ainda que «o motor dessa contestação é, ao mesmo tempo, o principal responsável (não eleito) pela máquina cultural da Câmara da Guarda», ou seja, o animador cultural do Município, Américo Rodrigues. As acusações não ficam por aqui. Para o presidente demissionário é incompatível com as suas funções, «uma situação em que a Câmara e o Aquilo-Teatro se confundem na pessoa de um dos cooperantes». Mas como tem consciência de que as relações entre a autarquia e o Aquilo-Teatro são «imprescindíveis» para a vida desta cooperativa, manifesta-se «impotente» perante uma conjuntura que «claramente me transcende», refere. «Esta foi uma decisão muito difícil», diz o presidente demissionário, o qual espera agora que o futuro seja diferente para o bem da cooperativa e dos que a rodeiam. Até porque o Aquilo foi e continua a ser «um projecto estruturante e importante» para a cultura na Guarda, sublinha o responsável.

Perante esta demissão, a presidente da Assembleia-Geral vai marcar uma nova reunião para ser decidido, segundo a orgânica da cooperativa, ou novas eleições ou a substituição do presidente. Víctor Amaral acredita que esta demissão não coloca em risco a continuidade do Aquilo-Teatro, marcando, pelo contrário, «seguramente um novo começo». Até porque «se não tivesse tanta certeza, não teria tomado esta decisão», assegura. Entretanto, Américo Rodrigues, em declarações à Rádio Altitude, já respondeu às críticas. O membro fundador do grupo de teatro considera que «a demissão tem a ver com o facto do Víctor Amaral não ter o apoio da maioria dos cooperantes». Argumentando ainda que «há um normal funcionamento entre a autarquia e o Aquilo», como duas instituições que se respeitam. Para Américo Rodrigues o actual mandato será conhecido na história da cooperativa «como aquele em que o presidente da direcção conseguiu dividir o grupo», e depois «na ânsia de protagonismo acusou o pai do Aquilo, que sou eu, de ser o motor da contestação».

Recorde-se que Víctor Amaral foi reeleito presidente do Aquilo Teatro, no dia 12 de Junho, tendo tomado posse no dia 23 do mesmo mês. Este foi um marco da história daquele grupo amador que nasceu há 22 anos, pois surgiram duas listas concorrentes tendo sido notórias as divergências entre ambas. Víctor Amaral venceu por escassos dois votos em relação à lista opositora, liderada por César Prata, que era constituída, na sua maioria, por ex-presidentes do grupo, nomeadamente Américo Rodrigues, Armando Neves e António Godinho.

Patrícia Correia

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