São quatro amigos, todos belgas, têm entre 65 e 68 anos de idade e partilham o gosto pelas bicicletas. A aventura de pedalar desde a cidade francesa de Dax, perto da fronteira com Espanha, até Fátima começou em meados do passado mês de Junho e só terminou no último domingo. Não foi para cumprir promessas que se fizeram à estrada e a religião nem foi o principal motivo que os levou a percorrer os cerca de 1.110 quilómetros, mas antes «o prazer de viajar», confessam. Guarda e Belmonte foram incluídos na rota destes ciclistas, para quem a aventura não tem idade.
A passagem pela cidade da Guarda, no dia 24, foi mais demorada do que o que estava previsto. «Tivemos um problema com uma corrente de uma das bicicletas, mas felizmente, já encontrámos uma loja da especialidade», contava um dos viajantes, Alex Mokeels, o mais novo do grupo, com 65 anos. Foi na Guarda-Gare que resolveram o contratempo, o terceiro desta longa viagem. Os outros dois foram furos. «Não planeámos parar na Guarda, mas a aventura é isto mesmo», comentava animado, por sua vez, um dos amigos, Eduard Jonge, de 68 anos, que esperava ainda naquela quarta-feira pedalar até Belmonte – onde estava previsto passarem a noite.
Apesar de se dizerem aventureiros, também se confessam «cautelosos». Daí que, lá ia explicando Alex Mokeels, tenham decidido incluir um carro na viagem, para «garantir alguma segurança». O automóvel foi conduzido, à vez, por cada um dos elementos do grupo ao longo desta aventura. «Decidimos viajar com três bicicletas e ir fazendo rodar o carro, também para trazermos a bagagem», dizia. Da bagagem, os ciclistas destacavam o mapa, a máquina fotográfica, a câmara de filmar, o telemóvel, alguma roupa e muita água.
Apesar do pequeno contratempo, os quatro amigos pareciam não ter pressa, até porque foi estabelecida uma regra antes da partida: conhecer o máximo possível dos dois países – Espanha e Portugal. E nunca pedalar mais do que 100 quilómetros por dia. «Não somos profissionais», atirava, ao frisar que a relação dos diferentes elementos do grupo com o mundo das bicicletas foi sempre amadora.
Esta foi a segunda viagem do género dos quatro amigos. Tudo começou há uns seis anos, quando Eduard Jonge participou numa peregrinação em bicicleta a Santiago de Compostela, que envolveu cerca de 20 pessoas. «Há três anos resolvemos ir também a Santiago de Compostela, mas só os quatro, ao nosso ritmo, lentamente», lembrava, entusiasmado, Alex Mokeels. Já o ano passado, outro elemento deste grupo foi de carro a Fátima e propôs aos restantes fazer o percurso em bicicleta.
As viagens de bicicletas a santuários acabam por assumir-se como o pretexto para conhecerem a Europa juntos. Depois da Guarda e Belmonte, o grupo previa passar por Castelo Branco e Sertã antes da chegada a Fátima. «Parece que em Belmonte há sítios para visitar, não há?», questionava antes da partida, de ar curioso, Jaak Janssens.
