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Viagem alucinante na auto-estrada

Condutora andou cerca de 40 quilómetros em contramão até ser interceptada pela BT na ponte sobre o rio Côa

Uma mulher de 48 anos deve ter batido, na passada segunda-feira, o recorde da circulação em contramão em Portugal. O insólito aconteceu na região da Guarda, depois de uma condutora, natural da Covilhã, ter viajado cerca de 40 quilómetros em sentido contrário pelas auto-estradas da Beira Interior (A23) e da Beira Litoral e Alta (A25). Uma patrulha da Brigada de Trânsito (BT) pôs termo a esta viagem alucinante a meia dúzia de quilómetros de Vilar Formoso.

Contudo, a intercepção não foi fácil. É que a automobilista nem se apercebeu que estava a ser perseguida pelo carro da BT e desobedeceu a várias ordens para parar. Sem alternativas, os agentes apearam-se ao quilómetro 193 da A25, entre Guarda e Vilar Formoso, na ponte sobre o rio Côa, e forçaram-na a ficar por ali. Eram 8h20. «Foi uma sorte não ter havido acidentes, porque havia bastante trânsito àquela hora da manhã. Mas os condutores estavam a ser prevenidos da situação através dos painéis informativos da concessionária», refere o alferes Bruno Gonçalves, comandante do destacamento da BT da Guarda. Terminava assim uma viagem perigosa iniciada cerca de 40 minutos antes no nó da Benespera, na A23, tendo o alerta sido dado pouco depois pelo 112 da Covilhã, pela Scutvias, a concessionária da auto-estrada, e por vários automobilistas. Após ser detida, a condutora ainda passou pelo destacamento antes de ser encaminhada para as Urgências do Hospital Sousa Martins.

Daí rumou ao serviço de Psiquiatria do Hospital Pêro da Covilhã, onde se encontra actualmente. «Ela aparentava problemas psíquicos. Não teve percepção de nada e não adiantou qualquer explicação para o sucedido, tendo circulado sempre a uma velocidade considerada normal em auto-estradas», conta o comandante da BT, para quem os acessos a estas vias estão «devidamente sinalizados». A automobilista vai ser presente ao Tribunal de Almeida assim que o seu estado de saúde o permitir, acusada de um crime de condução perigosa de veículo rodoviário, cuja pena pode ir até três anos de prisão, e de uma contra-ordenação muito grave, punível com uma coima de 500 a 2.500 euros, para além da inibição de conduzir de dois meses a dois anos. Desde a abertura da A23, em Agosto de 2003, a BT da Guarda apanhou em contramão duas senhoras e um homem, com idades compreendidas entre os 44 e os 61 anos. Dois dos casos registaram-se durante o dia, enquanto o terceiro aconteceu de noite. Os automobilistas em causa foram referenciados pela BT como sendo pessoas que «não estão habituadas a este tipo de itinerário e de sinalização». Este ano não havia nenhum registo até à última segunda-feira.

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