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Versão contemporânea de “Dido e Eneias” no TMG

Companhia francesa do Théâtre de la Mezzanine apresenta, esta noite, adaptação da ópera trágica de Henry Purcell

Um lago no palco, a orquestra por cima, são algumas das surpreendentes opções de Denis Chabroullet para a versão contemporânea da ópera clássica “Dido e Eneias”, que a companhia francesa do Théâtre de la Mezzanine apresenta esta noite no TMG.

O original é uma das mais célebres composições barrocas de Henry Purcell (1659-1695). Trata-se de uma ópera trágica em três atos e um prólogo, com libreto de Nahum Tate, e é considerada a única grande obra de teatro musical em inglês antes das óperas de Benjamin Britten, já no século XX. A história baseia-se no IV Canto da “Eneida”, do épico de Virgílio, sendo que a ação desenrola-se ao longo de um dia, em Cartago, retratando o drama da rainha Dido, que se enamora de Eneias e se vê abandonada, em detrimento da epopeia que o príncipe troiano está vaticinado a viver. Nesta versão, o enredo mantém-se, mas Denis Chabroullet idealizou um cenário fantasmagórico e de grande impacto visual, já que os cantores vão deambular sobre um um lago cheio de água, onde flutuam os restos de uma fábrica abandonada. É um espaço misterioso sobre o qual se estende um conjunto de tubagens enferrujadas e que espelha o caos do mundo.

Segundo a produção, através deste cenário original e fantasioso, o encenador transporta-nos para o subsolo de Cartago, onde Dido e Eneias vivem uma paixão assombrada por um destino trágico. «Denis Chabroulett demonstra, uma vez mais, um talento especial para a criação de metáforas e de imagens em movimento, que transportam o público para um mundo visual e musical complexo, mas também arrebatador», adianta ainda. Fundada em 1979 nos arredores de Paris, a companhia do Théâtre de la Mezzanine é conhecida pelos seus espetáculos oníricos e excêntricos, de grande impacto visual, considerando a crítica que reinventa a ópera com esta versão da obra-prima de Purcell. A direção musical é de Jean-Marie Puissant, que rege um ensemble instrumental barroco de sete elementos. Interpretam Anne Rodier (soprano), Thill Mantero (barítono), Mayuko Karasawa (soprano), Antonia Bosco (mezzo), Roselyne Bonnet des Tuves (soprano), Shigeko Hata (soprano), Benjamin Clée (contra-tenor) e Simon Parzybut (tenor). Este espetáculo é apresentado no âmbito da rede “5 Sentidos”.

Um lago no palco é o recurso mais surpreendente deste espetáculo

Versão contemporânea de “Dido e Eneias” no
        TMG

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