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Ventos de feição no Sabugal

Dois parques eólicos já estão em funcionamento, mas há outros previstos para o concelho raiano

Já está em funcionamento o primeiro parque eólico do distrito da Guarda. Desde sexta-feira que o parque eólico da Serra do Mosteiro, no concelho do Sabugal, já está ligado à rede eléctrica. Com uma potência de 9.1 MW e um investimento na ordem dos 12 milhões de euros, este é o segundo de doze parques eólicos que a Tecneira – Tecnologias Energéticas tem previsto construir até ao final de 2007, num total de 214 MW de potência instalada.

«Fomos o primeiro concelho do distrito da Guarda a instalar parques eólicos», congratula-se António Morgado, presidente da Câmara do Sabugal. Há cerca de três meses que está a funcionar «em pleno» um parque com dois aerogeradores no Monte de São Cornélio, na freguesia de Sortelha, mas o primeiro a produzir energia está situado na Serra do Mosteiro, na freguesia de Santo Estêvão, com sete aerogeradores. Segundo os ensaios de medições que têm sido realizados por várias empresas, «o concelho do Sabugal tem grande potencialidade para vários parques eólicos», assegura António Morgado. Para além do «aproveitamento dos recursos naturais», esta aposta nas energias renováveis justifica-se pelo contributo em termos ambientais e também «pelos benefícios que traz para a economia nacional e local». Não só diminui a nossa dependência energética do exterior, como também é «mais uma receita para o município e as respectivas Juntas de Freguesia», explica o autarca do Sabugal, para quem tudo será mais rentável «quando todos os parques previstos estiverem instalados». Assim, a Câmara do Sabugal vai ter direito a uma renda mensal, prevista na lei, de 2,5 por cento sobre a factura da energia vendida à rede.

Mas para além dos ventos, «há também o aproveitamento hidroeléctrico», adianta António Morgado, recordando o exemplo a Barragem do Sabugal, embora lamente não haver «mais barragens». António Morgado considera que há «muitas regras e burocracias» para a instalação dos parques eólicos, que, por imperativo da lei, não podem ser dispensadas. Contudo, estes novos parques são «o exemplo de que as coisas se resolvem quando é necessário», pena é que o ritmo que o país leva nesta área não permita «concretizar a directiva comunitária, que Portugal traçou como meta» e que implica que, na próxima meia década, o país aumente a produção eléctrica através de energias renováveis em cerca de 500 MW por ano. No entanto, há alguns entraves. A rede eléctrica nacional não está estruturada para assumir a energia que se poderá produzir no distrito, para além da reduzida quota atribuída. «Os municípios do distrito deviam unir-se para exigir à Direcção-Geral de Energia mais potência para esta região», apela António Morgado, pois só assim será possível instalar mais parques eólicos. De resto, estão reunidas todas as condições para este negócio corra de “vento em popa”: «Temos muitos ventos e de boa qualidade», garante, anunciando mais projectos para o seu concelho, nomeadamente na freguesia dos Fóios e no Soito. Já a Serra do Homem de Pedra, entre Soito e Vale de Espinho, foi catalogada como sendo uma «zona excepcional em termos de potencialidade», indica. «Os projectos não estão parados e está previsto que um dos parques avance em termos de obra já no próximo ano», adianta António Morgado.

Patrícia Correia

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