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Ventos da Serra da Gardunha vão soprar hoje em Castelo Novo

Aldeia histórica do concelho do Fundão volta a acolher entre hoje e domingo o festival “Encontro do Vento”

À semelhança do que aconteceu no ano passado, os bons ventos da criação artística vão voltar a soprar na Aldeia Histórica de Castelo Novo, entre hoje e domingo, no “Encontro do Vento”, festival que se insere no programa de animação das Aldeias Históricas.

Apesar de ter menos três dias para ir ao encontro do vento do que na edição anterior, não faltam motivos para visitar uma das mais belas aldeias históricas da região. Oficinas do Vento e de Instrumentos de Sopro, Espectáculo de Dança integrado no “Fringe 2004” – Festival Internacional de Dança Contemporânea, concertos de música e voo cativo em balão de ar quente são algumas das razões para visitar Castelo Novo durante quatro dias e conhecer a cultura e património arquitectónico e arqueológico daquela localidade.

Os bons ventos que sopram na encosta da Serra da Gardunha vão-se fazer sentir a partir de hoje, dia em que se iniciam as Oficinas do Vento e a Oficina de Instrumentos de Sopro. Do primeiro atelier, que inclui actividades como a construção de papagaios em papel, origami e mobiles, catavento, dança do vento e instrumentos musicais eólicos, sairão os elementos para a instalação artística denominada Jardim do Vento, a inaugurar no próximo domingo nas janelas, varandas e ruas de Castelo Novo. Já da Oficina de Instrumentos de Sopro, a decorrer com os alunos da Academia de Música e Dança do Fundão sob a orientação de Pedro Ladeira, resultará a Musicata, um concerto que encerrará no domingo o “Encontro do Vento 2004”, assim que o sol se puser. Mas o ponto alto deste dia acontecerá com o lançamento da antologia de poesia ibérica “Vento- Sombra de Vozes / Viento- Sombra de Voces”. Trata-se de uma obra editada pela Câmara do Fundão e pela Celya Editora, sedeada em Salamanca, que reúne 68 poetas espanhóis e portugueses e onde o vento é o elemento unificador que atravessa todas as páginas escritas nas duas línguas. Esta antologia apresenta-se como uma homenagem à matéria simbólica e poética do vento, fomentando a cooperação transfronteiriça entre os dois países vizinhos. A apresentação do livro, que decorrerá hoje às 21 horas na Lagariça, está a cargo de Gabriel Magalhães, docente da Universidade da Beira Interior, acompanhado por um recital poético nas vozes portuguesas e espanholas de António Salvado, Jorge Fragoso, José do Carmo Francisco, Nicolau Saião, Pedro Sena-Lino, Rafael Dionísio, Jesus Losada, María Ángeles Maeso e Santos Jimenez.

Amanhã, tem lugar o Fringe 2004, um espectáculo que irá percorrer as ruas históricas de Castelo Novo com muita dança e ritmos modernos, proporcionados por artistas provenientes de todos os cantos do mundo. O espectáculo, que pretende ser um ponto de união e de diálogo entre a dança e o património arquitectónico, é orientado pela Companhia venezuelana Neodanza e pelo norte-americano Philip Hamilton. No sábado, e para além da apresentação pelas 15 horas do livro “Redemoinhos – Ventos e Tempos da Beira” coordenado por Adelaide Salvado e apresentado pelo metereologista José Manuel Costa Alves. Já os antigos Paços do Concelho recebem ainda o quarteto de acordeões “Danças Ocultas”, considerado pela crítica como um dos projectos mais interessantes da nova música portuguesa. O grupo, oriundo de Águeda, é constituído por quatro acordeonistas e resulta de um projecto da iniciativa do músico Artur Fernandes, autodidacta da concertina desde 1978. Filipe Ricardo, Filipe Cal e Francisco Miguel são os restantes elementos do “Danças Ocultas”, que se juntam para interpretar Astor Piazzola, Satie, Pascal Comelade, entre outros nomes sonantes da música. O voo cativo de ar quente, que começa a partir das 10 horas nos dois últimos dias do festival, no Parque do Alardo, promete ser um dos maiores atractivos para quem gosta de subir o céu ao encontro do vento. Para o último dia do festival, no domingo, está marcada a inauguração do Jardim do Vento que irá colorir as ruas e casas da Aldeia Histórica bem como o concerto “Musicata” resultante do atelier de instrumentos de sopro.

Liliana Correia

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