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Velocidade nocturna em Gonçalo

Descida em carrinhos de rolamentos atraiu centenas de pessoas no último sábado

Gonçalo foi palco, na noite do último sábado, de muita velocidade e adrenalina. A inédita descida nocturna em carrinhos de rolamentos na vila do concelho da Guarda ficou marcada pela diversão dos participantes e pela presença de muito público. Esta corrida juntou carros para todos os gostos e feitios, uns mais arcaicos, outros mais trabalhados e esteticamente mais apelativos, mas todos construídos a pensar no divertimento dos concorrentes.

Ao longo da rampa, foram muitos os curiosos que não quiseram perder a oportunidade de ver como se “safavam” os pilotos neste novo desafio, já que é bem diferente conduzir estes “bólides” à noite, quando a visibilidade era reduzida em certos locais do percurso. Na linha de partida era notória alguma ansiedade e nervosismo dos pilotos, uns de tenra idade, outros já mais experientes, que iam mexendo no volante e nos pedais ou nos cordéis, conforme os casos. Após algum tempo de espera, eram quase 23 horas quando se começou a ouvir o barulho da primeira “máquina”, devidamente equipada com um farol, para iluminar o trajecto, e uma buzina para ir cumprimentando e avisando os espectadores da sua passagem. Paulo Geraldes, um dos construtores do protótipo, explicou que o carrinho demorou «cerca de seis horas» a ficar pronto: «Pus a bateria para ter a buzina e a luz à frente, os recortes de pneu para travar e mais nada de especial, a não ser uma cadeira do antigo Estádio José de Alvalade», ironiza o jovem gonçalense. Já Rui Simão, que partilhou o “volante” desta viatura, considerou que a corrida nocturna foi uma «boa iniciativa», realçando ser a primeira vez que conduziu à noite. «Mas até se torna quase de dia com tanta luz que há por aí», garante.

Bem diferente, e fazendo jus à tradição da cestaria em Gonçalo, foi o carro conduzido por Carlos Esteves. Para além da cadeira, também os capacetes dos dois pilotos eram feitos de verga, naquele que terá sido, seguramente, um dos carrinhos mais originais da prova. O jovem, também residente em Gonçalo, ficou agradado com a «feliz ideia» da corrida nocturna, embora realce que «existem alguns pormenores a rever em relação ao circuito», considerou. Ao todo participaram 11 carrinhos, contra os 25 inscritos no ano passado para uma corrida diurna. Contudo, a organização, que esteve a cargo do Grupo Alternativas de Gonçalo (GAG), não encontra uma razão «válida» para explicar esta menor adesão, «apenas o facto de se ter realizado à noite», indica Gabriela Marujo. E para o confirmar, o GAG já está a preparar uma iniciativa idêntica para Setembro. No entanto, a corrida do último sábado merece um balanço «positivo» porque «houve muita gente a assistir», ao mesmo tempo que se verificou um «grande envolvimento da comunidade na ajuda à organização», enaltece.

De resto, a adesão do público foi «muito boa» e não só de Gonçalo, pois também «havia muita gente de fora». E tal como o nome do grupo deixa antever, esta foi uma «alternativa para combater o sedentarismo» na população gonçalense. Neste sentido, apesar de apenas se terem inscrito 11 participantes, a organização regozija-se por a esmagadora maioria ser oriunda da terra, ao contrário do que sucedeu no ano transacto, quando somente cinco dos 25 concorrentes eram de Gonçalo. «Isso é óptimo e muito importante», sublinha Gabriela Marujo. Aliás, um dos motivos que levou o grupo a apostar numa corrida nocturna foi precisamente o de «marcar a diferença e sermos uma alternativa», uma vez que já é habitual a realização de provas de carrinhos de rolamentos um pouco por todo o distrito, mas todas diurnas.

Ricardo Cordeiro

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