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Várias equipas em risco de participar na IIª Divisão Distrital da Guarda

Em causa, um aumento brutal no valor do seguro dos jogadores nas inscrições na Associação de Futebol

A Associação Cultural e Desportiva do Jarmelo e o Grupo Desportivo de Famalicão da Serra são dois dos clubes que correm o risco de não participarem no campeonato distrital da IIª Divisão da Associação de Futebol da Guarda (AFG). O elevado aumento verificado no valor do seguro dos atletas a serem inscritos para a época 2004/05 está a provocar uma forte onda de descontentamento em várias colectividades do distrito que temem não reunir condições para que a prática do futebol nas suas aldeias possa continuar a ser uma realidade. Andrade Poço, presidente da AFG, desdramatiza a questão, frisando que a instituição «está a lutar para que a situação seja alterada».

Rui Paixão, responsável pelo futebol da ACD do Jarmelo, sublinha que a colectividade do concelho da Guarda «foi confrontada com um aumento das inscrições das equipas em cerca de 100%, o que pode inviabilizar economicamente a inscrição», garante. «É incompreensível como é que houve um aumento de mais do dobro», critica, adiantando que em relação à época transacta, se verificou um aumento de três para cinco mil euros num plantel de 18 jogadores. O Jarmelo orgulha-se de possuir uma das poucas equipas em que os atletas «ainda jogam por “amor à camisola”», uma vez que não foram pagos «quaisquer ordenados ou prémios de jogo durante as épocas passadas», sublinha. Contudo, «com os novos custos», a equipa do Jarmelo e de «outras aldeias com a nossa dimensão, vão acabar por ser afastadas da prática oficial do futebol», com o “desporto-rei” a ficar «apenas entregue a quem tem algum poder económico», lamenta. Por último, Rui Paixão deixa no ar uma questão: «Sendo Portugal, pelo menos este ano, o país da promoção do futebol na Europa e no Mundo, será que são as pequenas colectividades desportivas que terão de pagar essa promoção?», critica, duvidando que o preço possa vir a descer.

Também Manuel João Martins, presidente do Grupo Desportivo de Famalicão da Serra, se mostra «indignado» com esta subida, garantindo que «a participação do clube pode estar em risco por causa desse aumento», frisa. O dirigente lamenta ainda que os policiamentos, bem como as arbitragens, «estejam cada vez mais caros», o que se torna mais difícil de lidar em «aldeias onde há 40 ou 50 pessoas a ver o futebol», conta. Por seu turno, Aníbal Magina, presidente da Associação Recreativa e Desportiva da Nespereira, apesar de já ter procedido à inscrição da equipa, também se mostra contra um «aumento exagerado», ainda para mais «numa época de grandes dificuldades económicas. O também presidente da Junta de Freguesia desta aldeia do concelho de Gouveia critica ainda o trabalho desenvolvido pela actual direcção da AFG: «A única coisa que fez foi aumentar o número de empregados e as taxas de inscrição, e não é justo que tenham que ser os clubes a pagar por isso», contesta.

Confrontado com estas criticas, Amadeu Andrade Poço desdramatiza a questão, frisando que o «problema que há é com os seguros» e que a AFG «está a lutar para que a situação seja alterada», havendo «negociações com algumas seguradoras», tendo a «certeza» que o valor inicialmente proposto pela Federação Portuguesa de Futebol de 135 euros pelo seguro de cada jogador, contra os 50 do ano passado, «vai ser reduzido». Desta forma, por não concordar com este aumento de 170 por cento, a AFG foi «a primeira Associação do país a tomar posição para a FPF a pedir uma reunião urgente» sobre a questão dos seguros, com Andrade Poço a garantir que, «na pior das hipóteses», já foi encontrada uma proposta de uma seguradora que faz 87,5 euros por jogador.

As inscrições para as diferentes provas organizadas pela AFG para a época 2004/05 começaram no primeiro dia deste mês e terminam a 13 de Agosto. Contudo, serão aceites inscrições até dia 20 de Agosto, mas com um agravamento de 50 por cento.

Ricardo Cordeiro

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