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Vamos à Praça

Editorial

1. “A Praça na Praça” é uma ideia que apresentei há alguns meses a dirigentes de duas instituições e que hoje retomamos, depois de a termos “promovido” e comentado nas redes sociais. Na generalidade, a maioria das pessoas com que falámos ou nos enviaram a sua opinião concordam com o essencial: é urgente dinamizar a zona velha da cidade e que esta pode de facto ser uma forma interessante de o fazer. Eu não tenho dúvidas do sucesso. Por mim, quanto mais simples for a sua implementação melhor, mas concedo que o assunto mereça melhor estudo e análise. Acrescento, porém, que se é para estudarem muito nunca farão nada e a praça precisa de medidas urgentes. E, já agora, se querem estudar e se houver recursos, pois a Câmara que adquira o quarteirão entre a Praça e a Rua Sacadura Cabral e aproveite os “baixos” das casas para fazer uma praça a sério na zona, com talhos, peixarias, padarias, frutarias, etc, todo o ano, e assim requalificar um património devoluto e extraordinário.

Felizmente já ouvi pessoas a falar da ideia como sendo delas. Ainda bem. O importante é que fervilhem formas de a tornar exequível. E se faça. A cidade precisa.

2. Este é o tempo certo para tentar influenciar a mudança. Os períodos eleitorais são um tempo de debate e propostas…

A 31 de dezembro de 2010 a Guarda sofreu a maior machadada dos tempos contemporâneos: o encerramento da Delphi. Entretanto, e muito para lá das promessas demagógicas e mentirosas que ouvimos, as instalações da multinacional continuam fechadas, à venda e sem qualquer ocupação prevista para os próximos anos. E, que não haja ilusões, aquilo nunca mais irá albergar uma grande fábrica.

Posto isto, é tempo de a Câmara da Guarda promover outra forma de ocupação daquele enorme quarteirão abandonado. A autarquia, mesmo sendo certo que não tem dinheiro para mandar cantar um cego, tem a obrigação de procurar uma solução. Deve negociar com o proprietário a aquisição ou o arrendamento de longo prazo – e este é um bom momento, pois perante a crise há uma enorme desvalorização imobiliária. É tempo de projetar para o parque industrial da Delphi uma nova tipologia de ocupação. Sugeri em diferentes fóruns a instalação de um museu do automóvel Renault, ou antes, um centro museológico onde os veículos que ali foram fabricados pela Renault Lusitana sejam apresentados e as peças que dali saíram e foram incorporadas em carros ao longo de mais de 50 anos possam ser vistas e conhecidas. Ou seja um espaço, no primeiro pavilhão, onde se possa criar um centro museológico e de estudos da Renault Lusitana Guarda, da Reicab e da Delphi… e nos demais pavilhões? Obviamente um centro de apoio às empresas, uma “incubadora” como já ouvimos algumas vezes (e na Guarda chegou a estar uma quase, quase, em funcionamento… que depois não passou do quase), um centro preparado para dar teto a pequenas unidades empresariais dos mais diversos sectores, uma área de localização empresarial com as naves existentes e que devem ser divididas para ceder aos poucos empresários que, talvez com esta alavanca, se instalem na Guarda e aqui possam criar empregos. Obviamente que o assunto merece, deverá merecer, estudo, análise e propostas mais elaboradas, mas aqui deixo apenas um comentário sucinto, genérico e motivador. Aos políticos e decisores caberá o resto. Esperemos.

Luis Baptista-Martins

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