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Vale do Mouro pode ser musealizado em 2010

Sá Coixão defende que vestígios de povoado romano da Coriscada devem ser visitáveis

No próximo ano deverá começar a ser musealizado o sítio arqueológico do Vale do Mouro, na Coriscada, concelho da Mêda. Naquele local foi descoberto um povoado romano que pode tornar-se numa importante atracção turística.

Para além do “vicus”, o Vale do Mouro terá sido também um complexo industrial, como o demonstram os vestígios recolhidos. Há dois anos foi ali encontrado um importante tesouro de 4.526 moedas, o que demonstra também que ali viveu gente abastada. Mais recentemente foram também identificados materiais em sílica e lascas de quartzo, o que pressupõe uma ocupação durante o período Neolítico.

Atendendo às suas características e potencial turístico, o arqueólogo responsável pela investigação, António Sá Coixão, já lhe chama «Conímbriga do interior». Daí que propale aos quatro ventos a necessidade de tornar o sítio visitável. Sá Coixão realça as paredes das antigas casas, que agora têm 50 centímetros mas que poderão ser reerguidas até cerca de um metro; os arcos que podem ser totalmente reconstruídos, embora com pedra nova; os painéis de mosaicos que já estão a ser restaurados no Museu Monográfico de Conímbriga; e as termas que também podem ser restauradas. Ou seja, «é um potencial muito grande que merece ser mostrado«, refere Coixão, sem temer classificar o Vale do Mouro como «o sítio de ocupação romana mais importante do interior de Portugal».

O tesouro romano foi entretanto recuperado, mas para já vai continuar no Museu Monográfico de Conímbriga. O investigador entende que enquanto não for construído o esperado museu da Coriscada não arrisca a colocá-lo lá, embora o Centro Sócio-Cultural da localidade tenha patente uma exposição permanente sobre o sítio arqueológico. «Se viesse para cá nestas condições eu não estaria confiante na sua segurança», justifica. O tesouro é composto por 4.526 moedas de cobre e bronze, cunhadas entre finais do século III e o término do século IV. «É certamente o amealhar de uma família inteira. Na época teria sido um autêntico Euromilhões, que não chegou a ser gozado», ironiza Sá Coixão.

O painel policromático de pequenos azulejos (com seis cores) em honra de Baco – o deus do vinho para os romanos – ainda está a ser recuperado em Conímbriga e também só deve voltar à origem quando for possível instalar coberturas no Vale do Mouro para evitar nova deterioração. Os trabalhos de investigação têm sido apoiados pela Câmara da Mêda e pela Junta da Coriscada.

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