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Vai um caracol?

Feira gastronómica termina no domingo em Alcongosta

A paixão pelos caracóis e caracoletas é evidente em Belmiro Domingos. Desde os 13 anos que este publicitário, residente em Aveiro, aprecia a iguaria. O gosto tornou-se um “hobby” após dedicar-se à helicicultura (cultura de caracóis destinados à alimentação) e, há três anos, à confecção gastronómica, com a realização de certames específicos com este molusco gastrópode que, para muitos, é considerado um verdadeiro “manjar dos deuses”. Exemplo disso é a Feira do Caracol que está a decorrer no parque de merendas de Alcongosta, no Fundão, desde 20 de Junho.

O festival termina no domingo, pelo que, até lá, os apreciadores desta iguaria podem degustar sete pratos de caracóis e caracoletas. Confeccionado tradicionalmente, à pescador, frito à Bulhão Pato, com molho de caril, ou feijoada de caracoleta, caracoleta grelhada na chapa e “Escargot à Francesa” são as delícias que constam do cardápio. E tudo confeccionado por Belmiro Domingos. «Faço isto essencialmente a pensar nos bons apreciadores de caracol», confessa, revelando que o certame tem atraído também pessoas que nunca os provaram. «Há muitas pessoas que começaram a comer caracóis pela primeira vez neste tipo de eventos por causa do espírito do certame e por estarem acompanhados por apreciadores», assegura. Natural de Cernache de Bonjardim, Belmiro Domingos resolveu promover a Feira do Caracol em Alcongosta no ano passado devido às afinidades com a região, já que dirige a Casa dos Beirões Serranos em Aveiro, e por ter organizado há uns anos atrás uma feira dedicada à cereja do Fundão. Para além disso, considera que é uma zona com muitos apreciadores de caracol, ao contrário do Norte do país.

O prato tradicional – o helix aspersa – é o que tem tido mais saída. Apesar de não haver segredos nos ingredientes utilizados – orégãos, alho, sal, azeite e piri-piri –, o certo é que o prato tem deliciado os visitantes. De resto, os apreciadores não se poupam a elogios. «É o melhor que provei até hoje», revela Susana Paiva, para quem há «um paladar diferente» em relação ao que tem provado. Uma opinião partilhada por Romeo Pais: «É difícil expressar por palavras o gosto dos caracóis, porque estão muito bons e macios», refere. O segredo poderá estar na casca de laranja seca, preferencialmente em Janeiro ou Fevereiro, que Belmiro Domingos junta ao preparado. Pelo menos é esta a opinião de um casal emigrante em França. «Dá um sabor diferente», aponta Alfredo Chaves, admitindo ter ficado «bastante satisfeito» com a confecção do prato, apesar de serem os franceses os reis do caracol. Mas o prato em destaque nesta edição é mesmo o “Escargot à Francesa”, confeccionado com 19 especiarias diferentes.

«Dá muito trabalho, mas vale a pena», garante o cozinheiro, adiantando que há «muitos visitantes de Lisboa, Leiria e Viseu» que vêm de propósito a Alcongosta para provar a caracoleta grelhada na chapa e a feijoada de caracoleta. Para o ano, já está garantida uma nova edição e, provavelmente, uma sopa de caracol. «Quero aprender mais, por isso, estou a pensar em ir a França em Outubro ou Novembro», remata.

Liliana Correia

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