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Unidade Móvel de Oftalmologia já funciona na Guarda

Viatura, parada há ano e meio, pretende realizar rastreio oftalmológico em todas as IPSS’s do distrito

Depois de ter estado parada cerca de ano e meio, a Unidade Móvel de Oftalmologia do Hospital Distrital da Guarda entrou, finalmente, em funcionamento na última segunda-feira. A viatura, apresentada no Lar da Terceira Idade de Videmonte (Guarda), está vocacionada para os idosos e visa promover o rastreio oftalmológico em todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) do distrito. Contudo, a entrada em funcionamento desta valência não é pacífica e já se fazem sentir as primeiras críticas.

A UMO, que depois de Videmonte segue para a freguesia dos Trinta, é vista como uma «mais valia» para o Hospital Sousa Martins, na medida em que pode detectar problemas que poderão posteriormente serem acompanhados e resolvidos, sublinha a sua directora, Isabel Garção. De resto, a unidade está mais vocacionada para «identificar ou rastrear patologias ligadas à terceira idade», explica. Também o director clínico, José Cunha, se congratulou com um programa que vai permitir «melhorar a capacidade de visão e rastrear os problemas nos olhos dos idosos», diz, realçando que a visão é um «elemento básico» que adquire ainda maior relevância na terceira idade, onde se verifica uma «redução da mobilidade», adverte. Desta forma, uma boa visão pode ajudar a evitar «quedas» e outros acidentes que poderão provocar lesões difíceis de debelar», realça. Na UMO, que tem capacidade para efectuar o rastreio a dez pacientes por dia, de segunda a sexta-feira, de manhã ao final da tarde, estão permanentemente duas técnicas de ortóptica e, quando tal for preciso, oftalmologistas. O equipamento, avaliado em mais de 150 mil euros, permite realizar o rastreio de alterações da visão e distúrbios do globo ocular. De resto, a carrinha surge equipada com retanógrafo (câmara de fundo de olho), ecógrafo, lâmpada de fenda ocular, aparelho medidor da pressão do olho, medidor de doenças da retina e um avaliador da córnea. Trata-se de uma viatura «muito bem equipada», única na região Centro, que surge como um «óptimo consultório de oftalmologia», que viabiliza um «rastreio perfeito e completo dos problemas que podem afectar mais os idosos», tais como as “famosas” cataratas. Numa primeira fase estão contempladas cerca de 10 IPSS’s mas, no futuro, de forma gradual, a UMO vai «percorrer todo o distrito», conta o director clínico. Assim, outros lares e instituições de idosos vão seguir-se um pouco por todo o distrito.

Entrada em funcionamento da UMO é «atitude de marketing político»,

Após alguma polémica entre a administração e os especialistas, que exigiam ser pagos à avença, ou seja, um valor por cada doente, a UMO chegou agora finalmente à estrada para cumprir a tarefa para que está destinada. Isabel Garção diz que só agora houve condições humanas para avançar, com o «compasso de espera de ano e meio» que mediou entre a chegada da viatura e a sua entrada em funcionamento, a ficar a dever-se à necessidade de «reformular o processo, dada a carência de especialistas». A viatura esteve parada «desde a primeira hora porque tive logo a sensação de que com três médicos era extremamente difícil viabilizar» o programa, reforça. Já José Cunha, prefere salientar que o «importante é que o resultado seja bom e que se tenham cumprido as normas que a lei exige», diz.

Contudo, algo parece não ir bem no serviço de oftalmologia, uma vez que Henrique Fernandes, coordenador da Unidade Móvel de Oftalmologia, que se encontra de férias, garantiu desconhecer a entrada em funcionamento da viatura. Entretanto, outra fonte contactada por “O Interior” considerou que os resultados do trabalho vão ser «ineficazes e que só vão acarretar mais despesas ao Estado», tratando-se de uma mera «atitude de marketing político», criticou. A mesma fonte sublinhou ainda que a UMO destina-se a funcionar «apenas com médicos oftalmologistas e não com enfermeiros ou outro tipo de técnicos», ao mesmo tempo que deixou no ar a questão da viatura se estrear «logo na terra da doutora Ana Manso», deputada social-democrata.

Ricardo Cordeiro

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