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Um”Guarda Livros” para todos os guardenses

António José Dias de Almeida apresentou livro dedicado à Guarda e aos autores que a retrataram ou a ela se referiram

«O que francamente me pesa é não ter havido possibilidade para acrescentar alguns extractos de um romance histórico de Frank Baer, cuja tradução espanhola “El Puente de Alcântara” faz referências à Guarda», comenta penosamente António José Dias de Almeida. O livro já estava concluído quando conseguiu ter acesso à volumosa obra: «Felizmente ainda consegui citá-lo nas notas introdutórias», concede o autor de “Guarda Livros – Textos e Contextos”, apresentado na última sexta-feira no auditório municipal.

Trata-se de uma obra composta por textos que falam explicitamente da Guarda ou que, de algum modo, sublinham os seus elementos mais simbólicos, seleccionados e organizados por António José Dias de Almeida, professor de Língua Portuguesa. «A ideia já vem desde as comemorações do 800º aniversário da cidade», explica o autor, mas só se concretizou um ano após a publicação da “Antologia de Escritores da Guarda”, elaborada por Mota da Romana. «Este livro é uma continuação», embora a perspectiva e os horizontes sejam diferentes, refere António José Dias de Almeida, acrescentando que a sua antologia vai «pescar textos de vários autores que se referem à Guarda». Por isso alguns nomes são comuns à obra publicada no ano passado, pois «dificilmente poderíamos excluir autores que falam da Guarda só pelo facto de aqui terem nascido ou aqui terem as suas raízes», justifica. De resto, é uma obra muito ecléctica e variada, com diversos géneros literários, estando dividida em poesia, ficção, diário, epistolografia, roteiro/viagem, retratos/memórias/impressões. «Mas ainda ficaram de lado outras temáticas ou secções que davam para fazer outro livro», admite o autor. Ao todo foram seleccionados cerca de meia centena de autores, sendo que só dezanove escritores foram incluídos – desde a mítica Cantiga de Amigo de D. Sancho até aos textos do contemporâneo Américo Rodrigues, num período de quase oito séculos.

No início, o livro era para se chamar “A Guarda na literatura”, um título «um pouco excessivo», admite o autor, pois nem todos os textos são necessariamente literários. «Mas é muito difícil fazer essa limitação e as regras ensinam-nos que uma receita de bacalhau incluída num romance de Eça ganha outra literariedade», conclui. Como nem todos os domínios puderam ser incluídos, “Guarda Livros – Textos e Contextos” termina com “chave de ouro” com três textos de autores paradigmáticos e que personificam os domínios que não puderam ser seleccionados. Surge assim um episódio histórico narrado por mão de mestre, Fernão Lopes; um olhar datado de um geógrafo eminente, Orlando Ribeiro; e por fim, “A lúcida meditação de insigne pensador do nosso ensaísmo contemporâneo”, por Eduardo Lourenço. De resto, este livro é «um documento vivo, orientado para o futuro e para os nossos netos», garante Maria do Carmo Borges, presidente da Câmara da Guarda.

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