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Uma requalificação sugerida por “O Interior” em 2002

António Saraiva idealizou projecto para a zona do mercado e central de camionagem

“O Interior” tinha sugerido, na edição de 22 de Novembro de 2002, a requalificação da plataforma onde se localiza o mercado municipal e a central de camionagem. No âmbito de um desafio lançado a alguns arquitectos da Guarda, por ocasião do Dia da Cidade, António Saraiva apresentou uma proposta de intervenção naquela zona, delimitada pela Rua Nuno Álvares Pereira a Sul, Rua Duque de Bragança a Norte, Largo Monsenhor Alves Brás a Poente e a Nascente pela Rua António Sérgio.

Trata-se de uma área com cerca de 27 mil metros quadrados, toda ela afecta ao espaço público, com uma óptima exposição solar e uma localização privilegiada relativamente ao centro da Guarda, situando-se ainda a uma curtíssima distância da Viceg, através da Rua Almeida Garrett. O quarteirão em causa, para além de uma frente imobiliária de iniciativa privada no Largo Monsenhor Alves Brás e Rua Duque de Bragança, integra uma grande área livre para estacionamento, bem como aqueles dois equipamentos públicos. Na opinião de António Saraiva, são duas infraestruturas que necessitam de uma «requalificação urgente, onde a comodidade do utente, associada à funcionalidade e à estética ficam “muito aquém” do que deverá ser qualquer um destes equipamentos nos nossos dias», escreveu na altura. Para tal, sugeriu a «demolição integral» do mercado e da central de camionagem e a sua substituição por um «conjunto imobiliário onde ficaria integrada a central de camionagem, o mercado municipal, o “Edifico do Cidadão” (onde seriam sediados vários serviços públicos) e uma galeria comercial (tipo Fórum Aveiro) que, para além da vida própria produzida pela mesma, serviria como apoio perfeito aos equipamentos atrás mencionados».

Este novo complexo seria complementado com dois a três pisos em cave destinados a silo-auto, esboçou o actual director-executivo do PolisGuarda. Já o restante aproveitamento imobiliário destinar-se-ia a habitação e serviços. Para o arquitecto, com esta conjugação conseguir-se-ia oferecer um «mercado actual com um apoio diferenciado, uma central de camionagem totalmente coberta onde o apoio necessário ao interface internacional de passageiros não poderia ser mais completo e onde o apoio aos estudantes e jovens que utilizam este equipamento como inter-modal poderia contemplar salas de estudo e informática, para não falarmos da facilidade criada aos cidadãos em termos de localização de serviços públicos, a sua interligação com o mercado e a fácil ligação aos transportes». Por outro lado, também a ligação pedonal entre o Largo Monsenhor Alves Brás e a Rua António Sérgio sairia enriquecida, já que, para além de poder ser feita através da galeria comercial, ofereceria condições mais cómodas de circulação através de meios mecânicos, «como sejam os elevadores e/ou as escadas rolantes», idealizou António Saraiva. Já o silo-auto, devido à centralidade do local, serviria de «dissuasor à pressão» verificada no centro da cidade em termos de estacionamento e apoiaria toda a estrutura em que se integraria.

Com a intervenção pretendida seria ainda possível, na sua opinião, «redefinir a estrutura viária com a criação de uma verdadeira ligação à Viceg pela duplicação da Rua Almeida Garrett e pela relocalização da rotunda situada na Rua António Sérgio, bem como possibilitar uma maior fluidez de tráfego pela redefinição viária envolvente». Quanto ao financiamento deste projecto, o arquitecto estimava que ele seria possível através de auto-financiamento, já que os investidores explorariam a área comercial e habitacional em contrapartida pela cedência ao município das instalações que ficassem afectas ao mercado, central de camionagem e “serviços públicos”/edifício do cidadão.

«A intervenção apresentada geraria grandes complementaridades entre si, que, com a devida articulação, iriam criar grandes sinergias, enquadráveis num projecto conjunto e uma imagem urbana contemporânea», concluiu em 2002 António Saraiva.

Luis Martins

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