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Uma Praça de Velhas Questões

(…) Sou morador no centro histórico desta cidade, onde (como é do conhecimento geral) decorrem obras há vários meses e que parecem ainda não ter fim à vista, para má fortuna de quem cá habita e prejuízo de quem cá trabalha. Perante a precária situação em que moradores e empresários se vêm colocados, pensar-se-ia que teriam existido explicações prévias por parte de quem executa a obra ou de quem a mandou executar. Quem sabe um panfleto explicativo, uma sinalização adequada… Nem sequer questiono a falta de alternativas, quer de estacionamento, quer rodoviárias, que já foram alvo de muitos discursos… todos em vão.

Mas não. Em lugar de explicações, sinalética ou alternativas, a resposta do poder local surge na voz (quando não surge na ponta da caneta) de um ou outro polícia que intermitentemente vigia a cancela que agora serve de porta ao centro histórico. Uma porta fechada a quem habita neste local e simplesmente quer (como qualquer cidadão deste país) chegar a casa, tranquilo ao fim do dia de trabalho. Uma porta vedada a quem trabalha, a quem investiu neste local e a todos os que o procuram dinamizar. E será esta solução, pelo menos eficaz no sentido de retirar de vez o estacionamento da Praça Velha?

Nem por isso. A quem tiver dúvidas sugiro um passeio pela praça à noite. A foto que este jornal publicou (por sinal também ela nocturna) repete-se a cada dia (… ou melhor, a cada noite). Será do frio, talvez. De facto não será actividade agradável a vigilância de cancelas debaixo de forte geada… Diz-se muito acerca da classe política deste país, tecem-se críticas, reclamam-se direitos e cada noticiário é um sem fim de queixas (…). Mas fica o repto para todos os que, como eu, ainda acreditam que “futurista” pode ser o “F” que falta a esta cidade: quando se tomam decisões deste âmbito, que interferem sobremaneira com a vida dos cidadãos, espera-se, no mínimo, respeito. Espera-se que se apresentem alternativas e que se tratem as pessoas com a dignidade que merecem e não como reclusos, como tem vindo a acontecer.

Na minha profissão existe algo a que chamamos “consentimento informado”, que consiste em esclarecer o doente acerca de determinado procedimento diagnóstico ou terapêutico antes de procurar obter o seu consentimento para a realização do mesmo. (…) É este consentimento informado que faz falta na vida política, para que o povo não sinta que só tem importância em dia de eleições. Fica o lamento… e a sugestão.

Luís Vaz Rodrigues, Guarda, carta recebida por e-mail

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