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Uma “mãozinha” para deixar de fumar

Consultas de cessação tabágica já funcionam na Guarda, em Gouveia e no Sabugal, mas podem chegar a Pinhel, Mêda e Trancoso até ao final do ano

Desde Dezembro de 2004 que no Centro de Saúde da Guarda existe uma equipa especializada em ajudar quem pretende abandonar o vício do tabaco. Nos últimos três anos já foram realizadas 303 consultas, com uma taxa de sucesso na ordem dos 37 por cento, número que, segundo Ana Reis, a coordenadora distrital, está «na média nacional».

O perfil de quem procura estas consultas na Guarda é bastante heterogéneo. Contudo, a médica avança que a maioria dos pacientes têm entre 19 e 44 anos e são, na sua maioria, universitários ou desempregados, apresentando frequentemente «problemas de ordem afectiva e económica» associados ao tabaco. Para além da Guarda, também os Centros de Saúde de Gouveia e do Sabugal já disponibilizam esta ajuda e prevê-se que, até ao final do ano, o serviço possa chegar a Trancoso, Pinhel e Mêda. Para já, uma das maiores batalhas da equipa na Guarda é conseguir que as consultas passem a ser gratuitas, já que actualmente é cobrada a taxa moderadora do Serviço Nacional de Saúde. «Mais importante ainda» seria que o Estado comparticipasse a medicação de substituição do tabaco, que, segundo a coordenadora, é dispendiosa «e muitos doentes não têm capacidade financeira para acompanhar o tratamento».

Na Guarda, as consultas acontecem às terças, entre as 17 e 20 horas, e podem ser marcadas por telefone ou directamente no Centro. Numa primeira fase é feito um levantamento do historial clínico do fumador, bem como dos seus hábitos e estilo de vida, que são analisados minuciosamente «porque o tabagismo é um problema muito complexo». A sensibilização para a necessidade de abandonar o vício acontece desde o primeiro contacto. Só depois de estar elaborado um diagnóstico do grau de dependência de cada fumador, da sua motivação para abandonar o vício e do seu estado de saúde face ao consumo dos cigarros é que é receitada a terapêutica mais adequada, sendo que o tratamento pode durar um ano. Posteriormente, o paciente é acompanhado por um nutricionista e só tem “alta” pelo menos dois anos após o fim do tratamento. «Não são raros os casos de recaídas», adverte a médica.

Guarda quer integrar Rede Europeia de Centros de Saúde Sem Tabaco

Para assinalar o Dia do Não Fumador, no próximo sábado, a equipa da Guarda estará centrada sobretudo na prevenção. Os coordenadores concelhios já entraram em contacto com as escolas para realizarem acções de sensibilização junto dos alunos. Por outro lado, a aposta de Ana Reis vai para a conclusão, «até à terceira semana deste mês», de um levantamento dos hábitos tabágicos dos profissionais de saúde do distrito. Para já, são apenas conhecidos os resultados de três concelhos. Em Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida e Pinhel existem apenas quatro fumadores, num universo de perto de 140 profissionais. Curiosamente, todos pertencem ao primeiro concelho. Segundo a coordenadora, o objectivo do estudo é «levar as classes ligadas à saúde a dar o exemplo em matéria de hábitos saudáveis».

No próximo ano, os Centros de Saúde da Guarda deverão ser candidatos a integrar a Rede Europeia de Centros de Saúde Sem Tabaco, uma iniciativa que pretende distinguir os serviços onde nenhum profissional fuma. Para a coordenadora, é determinante fazer passar a mensagem de que «o tabaco não é um problema exclusivamente médico, mas sobretudo de saúde pública», pelo que a tarefa também terá que envolver os professores e as autarquias.

Rosa Ramos

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