O distrito da Guarda vai estar em força na Internet, graças à criação de 16 canais de televisão online. Primeiro, e já lá vão dois anos, nasceu o Malta.tv. Recentemente foi apresentado o canal online do Sabugal. Pelo meio há outros projectos, mais ou menos conhecidos, em webtv. Na passada sexta-feira foram apresentados, em pacote, mais 14. O Cibercentro da Guarda e a Localvisão TV divulgaram um projecto de televisão online regional que prevê a criação de um canal por concelho.
Eventos, notícias, comentários, desporto e os mais variados acontecimentos do distrito estarão, em breve, disponíveis no site www.localvisao.tv, no âmbito de um projecto que, segundo os promotores, pretende alargar o leque de colaborações. «Queremos o apoio dos órgãos de comunicação social da região, bem como de associações, instituições de ensino e todo o tipo de colectividades», referiu Carlos Ramalho, representante da empresa Localvisão TV. O responsável assegurou que esta televisão será «um instrumento de partilha e difusão da informação local que, por norma, não tem direito de antena a nível nacional». Por outro lado, o projecto quer chegar aos emigrantes, uma vez que os canais estarão acessíveis na Internet. Apesar de admitir que a sustentabilidade financeira da iniciativa, a nível local, «pode ser difícil de conseguir», o responsável defendeu-se, garantindo que a sobrevivência do projecto está assegurada a «nível nacional».
O Cibercentro da Guarda vai disponibilizar à empresa «os meios humanos e as instalações». Contudo, a sua directora, Gabriela Flor, escusou-se a revelar as contrapartidas da parceria. «Isso são questões de âmbito protocolar», disse aos jornalistas. Em Bragança, cujo projecto está em fase mais avançada – e foi diversas vezes referido na apresentação como exemplo e caso de sucesso –, a polémica instalou-se. A Localvisão lançou, com o Cibercentro local e outros parceiros, um canal similar. Segundo o Diário de Notícias (DN) de 10 de Outubro, o Cibercentro tentou agilizar parcerias de forma a criar um canal de TV local na Internet, dinamizando o estúdio de televisão que ali existe. No entanto, segundo aquele diário, os primeiros contactos encetados não tiveram continuidade, supostamente porque pouco tempo depois surgiu a parceria com a Localvisão encerrando as expectativas dos agentes locais. Tal como agora na Guarda, também em Bragança se têm levantado muitas interrogações em relação à utilização das instalações e às contrapartidas financeiras a dar ao Cibercentro pela utilização do espaço e dos meios técnicos.
«Presumo que uma empresa que ocupa 10 a 12 horas por dia um estúdio de gravação que é propriedade do Cibercentro deverá pagar-lhe um determinado montante, mas ninguém me esclareceu qual era o modelo de financiamento», afirmou ao DN João Campos, director do Jornal Nordeste. Também na Guarda vão ser utilizadas instalações e recursos públicos (o Cibercentro é um serviço da Câmara), mas ninguém explicou as contrapartidas, nem em que condições é que uma empresa privada pode usufruir de instalações e equipamentos públicos.