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Uma cidade de subtilezas

Bilhete Postal

Um determinado tipo controla a informação na TV introduzindo imperceptíveis mensagens que nos induzem a escolher. Outro tipo do mesmo grupo é o regente dos químicos que vão na água seleccionando sono ou vivacidade, criando cáries ou disseminando-as. Um amigo destes dois anteriores tem indeléveis mensagens nos azulejos das casas de banho, uma nova tecnologia que nos dá sugestões. O centro de todos estes amigos é o que tem restaurantes e “moopies” pela cidade. Também coloca relevos com palavras nas faixas brancas das estradas. Quando as famílias percorrem as ruas, o condutor sente o desejo de ir a um determinado restaurante e lê nuns “moopies”, que passam depressa, ideias que integram, sem o tempo de serem lidas. Bebem e comem opíparos petiscos que os deixam infinitamente mais relacionáveis. Depois de irem ali costumam acabar amando-se na parte traseira do carro. Os filhos pedem sempre uns jogos, que eles com a excitação pagam, e agradecem que os decifrem até ao fim. De noite percebem que fizeram algumas compras demais e que escolheram objectos estranhamento parecidos com outros de noites semelhantes. Um “déjà vu” que menosprezam pela terceira vez. Se calha mal.

Podemos ser subtilmente envolvidos numa ilusão. Podemos ser orientados para escolhas e podemos viver experiências que nos induziram. Por este exagero descrito e seus degraus inferiores, quer do abuso do poder, quer do abuso de confiança, são necessárias entidades que regulem as práticas das empresas e das pessoas. O poder só é legítimo se balizado e controlado. Mandar acarreta responsabilidade e vigilância.

Por: Diogo Cabrita

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