Arquivo

Uma campanha alegre

Bilhete Postal

O poeta saiu à rua numa noite assim, havia jogo do Benfica e ele cantava alto na tribuna dos veneráveis. Corria a manhã da sua décima campanha e possivelmente da sua décima derrota. Como um menino lá corre o poeta cheio de vontade, contra ventos e marés. Concorre contra todos: os políticos, os oportunistas, os remediados, os da turma, os aparelhados. Ele é a luz que se acende na escuridão, ele é a imagem personificada da conduta, da virtude, o exemplo. Ele, que lutou nas masmorras, que pagou com a vida militar, que nunca usou de favores nem teve benesses. Ele o cantor da liberdade, o arauto da boa nova aí vai na corrida para a Presidência. Como um Serviço claro está. Como uma missão que a todos dá, para que todos agradeçam. Isto é o marco das minhas capacidades. Não gostei nada da vereação da mana Teresa em Coimbra e sobretudo da velocidade a que homenageou seus próprios familiares com ruas da cidade. A verdade é que talvez devesse o tempo e a história julgar os melhores e não o vereador escolher os seus queridos, mesmo que suas referências. Mas toda esta ideia alegre de uma família que teve de tudo no PS e através do PS viveu no Parlamento uma vida de bonomia, e no final só encontra razões de cobrar e não de dever, isto é fausto e diversão. Eu pasmo como o ego cega e como a mente deturpa a realidade. Pobres de nós, condenados a tanto elogio na boca do próprio. O vitupério reina por aqui.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply