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Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela

Associação desafia alunos e visitantes a recolher e a plantar bolotas nas áreas ardidas do parque natural

Desde sexta-feira que está em marcha uma das maiores campanhas de reflorestação jamais lançadas na Serra da Estrela. A tarefa parece faraónica, mas para plantar um milhão de carvalhos – como se designa a iniciativa – nas zonas ardidas nos últimos anos nesta área protegida, a Associação dos Amigos da Serra da Estrela (ASE) conta com todos, especialmente os mais novos, através das escolas, e os visitantes do parque natural. Até Março, a colectividade promotora tem disponíveis milhares de bolotas para os interessados.

A acção arrancou simbolicamente numa encosta do Vale do Zêzere ardida no Verão de 2005 com a plantação de 900 sementes por quatro dezenas de alunos de Manteigas, a que se juntou o secretário de Estado do Ambiente. Humberto Rosa sublinhou que esta campanha é «coincidente com alguns relatórios técnicos de avaliação, minimização e recuperação da Serra da Estrela», que sugerem a plantação de espécies autóctones folhosas. «Isto vai permitir que o parque natural tenha mais floresta de conservação e de prevenção, pois o carvalho resiste ao fogo e é disso que precisamos». Quem está optimista é José Maria Saraiva, vice-presidente da ASE, ao admitir que «plantar 300 mil carvalhos até Março já será uma vitória». O objectivo é contribuir para minimizar os riscos da erosão, aumentar a capacidade de retenção de água nos solos, manter e fomentar a sustentabilidade dos recursos naturais e da biodiversidade, para além de garantir a continuidade da actividade pastoril, de melhorar a paisagem e de promover o turismo. Esta campanha vai ter o apoio da Força Aérea Portuguesa, que, em Dezembro, disponibilizará um helicóptero para transportar sementes para as zonas de difícil acesso do parque.

Este ano arderam cerca de 800 hectares no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), muito menos que em 2005, quando as chamas consumiram 11 mil hectares. Segundo o director da área protegida, Fernando Matos, a par das acções promovidas pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICN) em matéria de recuperação das áreas ardidas, a campanha lançada pela ASE é «extremamente importante em termos de prevenção ambiental». Mas esta não é a única acção de reflorestação em curso na zona, também o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) [onde poderão obter-se mais informações e fazer as inscrições], de Seia, vai promover duas saídas de campo. A primeira acontece no sábado e destina-se a recolher sementes de árvores e arbustos autóctones que serão plantadas, no próximo mês e em Janeiro de 2007, nas encostas ardidas naquele município. A iniciativa é aberta a todos os interessados, estando agendada outra acção para dia 18. Graças a esta iniciativa, lançada em 2005, já foi possível iniciar a reflorestação de cerca de 10 mil hectares nas freguesias de Alvôco da Serra, Cabeça, Loriga, Santa Marinha, São Romão, Seia e Vide.

Luis Martins

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