Arquivo

«Um hospital remodelado poderá atrair profissionais»

Cara a Cara – Entrevista

P- Sente que reúne a confiança de todos os médicos, uma vez que foi nomeado?

R- É evidente que fui nomeado, mas só aceitei o cargo sabendo à partida que teria, da parte dos meus colegas, condições para desempenhar as funções. Por outro lado, houve outros factores que pesaram, nomeadamente o de saber que nesta equipa de trabalho estariam pessoas conhecedoras dos problemas do hospital com quem já mantinha boas relações, caso de Fernando Girão, que é, de resto, um grande amigo. Mas tenho consciência de que este cargo é um grande desafio e de muito difícil desempenho.

P – Em que ponto encontrou o hospital aquando da tomada de posse?

R- Ainda estamos numa fase muito inicial. Neste momento há muitos problemas pendentes que se arrastam há demasiado tempo e que as pessoas anseiam ver resolvidos. Porém, estamos em época de férias e a equipa ainda nem sequer está completa. Este período é por isso muito mau para dar seguimento a esses problemas. Agora estamos debruçados sobre questões do dia-a-dia e ainda não a pôr em prática os nossos projectos de fundo.

P – Que áreas específicas exigem, na sua opinião, uma intervenção mais marcada e urgente?

R- As nossas apostas são, fundamentalmente, em duas áreas. Por um lado, queremos melhorar a qualidade dos serviços e, por outro, apostar na humanização. Isto está dependente do programa de ampliação/renovação do hospital, que vai permitir acabar com as condições de degradação que são agora sentidas e que nos impedem, muitas vezes, de podermos fazer mais e melhor

P – A fixação de médicos continua a constituir um problema importante. Como se poderá ultrapassar esta situação?

R- É um problema que se pôs desde sempre e que neste momento se faz sentir essencialmente na área da radiologia. Nas restantes especialidades a situação não é dramática, mas há muito a fazer neste aspecto, a curto, médio e longo prazo. Acredito, por exemplo, que um hospital remodelado e ampliado poderá atrair profissionais. É importante, por outro lado, melhorar a imagem da unidade. Para já, estamos a tentar valorizar a Universidade da Beira Interior (UBI) enquanto parceiro fundamental. Temos recebido cada vez mais alunos ao longo dos últimos anos. Esta é, claramente, uma aposta no futuro.

P – Estará garantido o pleno funcionamento da Unidade dos Cuidados Intensivos, sem as habituais interrupções?

R – O problema dos Cuidados Intensivos punha-se não ao nível do pessoal de enfermagem, mas em relação ao pessoal médico. Sempre tivemos dificuldade em manter uma equipa fixa por falta de elementos e por condicionantes várias. Neste momento, temos três pessoas a trabalhar a tempo inteiro e duas a tempo parcial. Acredito por isso estarem reunidas todas as condições para que não haja rupturas.

P – Concorda com o fecho da maternidade da Guarda, no âmbito do estudo feito por Albino Aroso?

R- Não partilho, de todo, dessa opinião. A maternidade é um serviço fundamental para o Hospital e não faz sentido fechá-la, sobretudo numa altura em que se fala, cada vez mais, no combate às assimetrias regionais, à promoção da qualidade de vida e à fixação das populações no interior. Acredito que deverá existir pelo menos uma maternidade por distrito. E no da Guarda é no Hospital Sousa Martins.

P – Acha que tem condições para efectuar um bom mandato, ou já está a contar com alguma “guerrilha”?

R- O tempo o dirá. Para já, sinto que tenho apoio, mas ninguém pode antever as dificuldades ou adivinhar o dia de amanhã. No entanto, estou confiante.

P – Concorda com o plano director geral do hospital?

R – Concordo. Tivemos recentemente uma reunião com o IPPAR, onde foram acordadas algumas alterações ao plano inicial, que eu acredito que virão trazer ainda mais benefícios. No entanto, ainda não posso ter uma posição definida sobre este plano de pormenor, uma vez que ainda estão a decorrer estas adaptações. Porém, de uma maneira geral, considero que a remodelação e ampliação das instalações será uma mais-valia, dada a degradação das actuais.

Sobre o autor

Leave a Reply