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Um estatuto singular

Anotações

“Celebrar o Saber Amigo” foi o tema do colóquio que decorreu, nos dias 8 e 9 de junho, na Covilhã e no Sabugal, respetivamente; iniciativa de homenagem a Jesué Pinharanda Gomes.

O colóquio foi promovido pela Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior (por iniciativa das comissões científicas dos cursos de Licenciatura e de Mestrado em Ciências da Cultura), Câmara Municipal do Sabugal e Universidade Aberta (através do seu Centro Local de Aprendizagem do Sabugal), coincidindo com a passagem do sexto aniversário do Centro de Estudos Pinharanda Gomes (CEPG), que se assinalou a 9 de junho.

O CEPG, instalado no edifício da Biblioteca do Sabugal, acolhe a biblioteca e o acervo pessoal de Pinharanda Gomes, «último pensador vivo do célebre movimento da Filosofia Portuguesa».

O colóquio, a que aludimos, reuniu alguns especialistas que, sob diversas perspetivas e abordagens, se debruçaram sobre a obra do autor homenageado e que apresentaram comunicações como “Pinharanda Gomes: historiador da Filosofia Portuguesa”; “Pinharanda Gomes: entre a Filosofia e a Teologia”; “Pinharanda Gomes e a História da Filosofia”; “Pinharanda Gomes e a Saudade”; “A Saudade de Deus em Jesué Pinharanda Gomes”; “Jesué Pinharanda Gomes, fronteiro entre o futurismo de Orpheu e o mais fundo pensamento filosófico português”; “Uma ideia de Pátria para o século XXI: Presença de Pinharanda Gomes em 21 números da Revista Nova Águia”; “Identidade e Utopia”; “Dois pensadores sem academia: Spinoza e Pinharanda Gomes”; “Síntese de uma obra: a última grande entrevista de Pinharanda Gomes” e “Pinharanda Gomes, o Estudioso: uma visão panorâmica do seu ficheiro bibliográfico”.

Estas intervenções traduzem a importância deste «fronteiro da Cultura Portuguesa», na significativa expressão de António dos Santos Pereira. «É fronteiro e humanista. É difícil cruzar o pensamento português ou espaço, ou instituição ou pessoa da Beira Interior, em qualquer período, sem encontrar o nosso autor como referência que seja com meia dúzia de páginas (…)».

Uma referência cultural que não devemos esquecer, pela sua importância, pelo seu exemplo, pelo seu saber amigo, pela sua defesa da liberdade.

«Sem liberdade não há filosofia. Difícil de ciclópico entendimento de sisífico entendimento é, porém, a recíproca: sem filosofia não há liberdade (…) assim como não há liberdade sem filosofia, não há cultura sem filosofia», sublinhava, Pinharanda Gomes, na “Peregrinação do Absoluto”.

Esta “Celebração do Saber Amigo” é de realçar, esperando que outras iniciativas sejam desencadeadas, aqui nas terras de Riba Côa, em torno de uma personalidade que tem, afirmou Miguel Real, um «estatuto singular (…) no seio da cultura portuguesa contemporânea».

Por: Hélder Sequeira

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