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Um direito… e mais que isso, um dever cívico…

Jorge Esteves

A contínua desresponsabilização de uma significativa parte de cidadãos, dos mais variados grupos etários, da participação nos processos de organização social é um cancro que prolifera perigosamente.

Jovens e menos jovens, pessoas com as mais diversas formações e atividades profissionais vão mandando bitaites, vão criticando tudo e todos por vezes com tom inflamado e até revoltado, de preferência em volta de uma mesa ou à frente de um balcão de café, até ao momento em que num gole refrescante e apaziguador deixam ficar o que está, como está…

Os políticos ou a sua classe têm aqui um palco privilegiado, embora mais para receber vaias do que para aplausos. A verdade é que aparecem como os atores de um teatro de operações em cuja sala, como se de um espetáculo se tratasse, os restantes sejam mero público, ou um pouco mais que isso, os críticos eventualmente contratados com essa exclusiva e distinta missão.

E assim, nesta espécie de forma de organização social em que temos de um lado os políticos e do outro os críticos, uns, vão cumprindo integralmente o seu papel com um mérito indiscutível, enquanto os outros, os políticos, ficarão sempre aquém do desejável.

A forma de participação no ato eleitoral que se avizinha poderia ser uma boa maneira de cada um passar a ter um pouco mais de direitos, até ao respeito dos outros pelas suas críticas.

É óbvio que para a generalidade é bem mais confortável quando está em volta da mesa ou à frente do balcão, provar com essa falta de participação a sua inocência no estado das coisas, esquecendo até que o estado das coisas, do país e do mundo, o afeta a todos os momentos, a si e aos seus.

E assim vamos tendo governos e governantes que, feitas as contas depois de começarem verdadeiramente a exercer, não foram eleitos por quase ninguém…

Por: Jorge Esteves, jornalista da RTP/Antena 1 delegação da Guarda

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