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Um direito de exigência

Saliências

A propósito da Irene que chegou morta à urgência. Quero dizer-vos que a Irene tinha trinta anos e circulava na sua mão, num carro de 2003, com o cinto posto. Passou um tipo de uma mota potente que a distraiu, no mesmo momento que um enorme TIR se despistou na curva onde entrou com pneus de 1992, com milhares de quilómetros e nenhuma aderência. A Irene não soube que morreu debaixo daquela massa disforme e os filhos não se vão lembrar dela pequenos como eram. Fica o Jorge e a Raquel para o pai cuidar. O pai chora na minha frente quando lhe digo que chegou cadáver ao hospital. Temo que morra também ali, fulminado no instante da dor. Eu fico indignado com as coisas que devíamos ter e não se cumprem. Os cegos que querem conduzir, os pneus que deviam estar em condições, as revisões de travões, as ultrapassagens pela direita, os “rails” que amputam os rapazes das motas, as inspecções dos carros públicos que são fraudulentas, e também os parques infantis sem manutenção, os escorregas de metal ao Sol para arder os meninos, as ruas sem passeios e tantas coisas simples que devíamos corrigir para bem de todos.

Por: Diogo Cabrita

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