«Somos como uma família». A expressão é do treinador da única equipa de basquetebol da Beira Interior que participa nos campeonatos nacionais de séniores da modalidade. Uma condição que também se nota no plantel da Associação Cultural e Recreativa (ACR) de Trancoso, onde há jogadores não só da “cidade de Bandarra”, mas também da Guarda, de Celorico da Beira e até do Fundão.
O “mister” Luís Taborda garante que «não há responsabilidades acrescidas» por serem a única equipa da região que compete na Zona Centro da IIª Divisão Nacional: «Dentro do nosso amadorismo, tentamos ser sempre o mais profissionais possível. Ninguém recebe nada e todos cá andam por amor à camisola», adianta. O facto de terem jogadores vindos de outras zonas também é visto como natural, apesar de inicialmente terem surgido algumas dúvidas se «os jogadores de Trancoso iriam aceitar bem a chegada de elementos de fora». Hoje, passados alguns meses não restam dúvidas, pois «isto é uma família e toda a gente se dá bem dentro e fora de campo», assegura. Os atletas oriundos da Guarda e do Fundão demonstraram interesse em jogar pela ACR e foram recebidos de «braços abertos», até porque representam «mais-valias» para a equipa, uma vez que «fizeram com que o grupo ficasse mais homogéneo e mais competitivo».
De resto, sublinha que «qualquer jogador que venha com vontade e querer é sempre uma valia, venha de onde vier», acrescentando que o objetivo «essencial» da coletividade é «sempre fazer com que os jovens possam continuar a praticar a modalidade quando chegam aos 18 anos». No entanto, a hipótese de subida de divisão continua em aberto com a equipa a ocupar a terceira posição entre as seis que efetivamente estão a competir, apesar de se terem inscrito 9 no início da temporada. O acesso aos “play-off «ainda é possível», admite Luís Taborda, ele próprio um “trancosense adotivo” após 13 anos de trabalho na “cidade de Bandarra”. O guardense Eduardo Bernardo é um dos reforços desta época, mas recusa ser visto de forma diferente: «Isto é gente que já se conhecia de outros anos e foi mais um reencontro. Optei por vir jogar para Trancoso porque é a única equipa de basquetebol sénior mais perto da Guarda», explica.
Com 32 anos, o jogador indica que, em média, costuma vir «pelo menos duas vezes, mais o jogo» por semana. Além de ser «preciso gostar» da modalidade, reconhece ainda que optou por continuar a competir «por uma questão de saúde e de praticar desporto», dizendo não conseguir compreender «muito bem como é que a capital de distrito não tem basquetebol». Outro dos “estrangeiros” da equipa é Jorge Trindade que, juntamente com outro colega, costuma fazer três vezes por semana mais de 200 quilómetros de ida e volta para o Fundão. «É preciso muito amor à modalidade para fazer isto e chegar a casa a horas tardias. Mas andámos cá porque queremos e porque gostamos», justifica o jovem de 26 anos, que confessa ter ficado «triste» com o fim do basquetebol sénior na sua cidade.
Ricardo Cordeiro