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Um ano depois

Opinião

Terminou esta semana o primeiro ano legislativo da atual maioria governativa.

Este foi o ano em que se agravou brutalmente a carga fiscal, com isso tornou-se ainda mais difícil a vida dos Portugueses, conseguiu-se diminuir a atividade económica e consequentemente criar problemas às empresas. Tudo isto para ter como resultado uma significativa redução da receita fiscal. Terá valido a pena?

Este foi o ano em que o desemprego atingiu máximos históricos. O ano em que a vida dos Portugueses se precarizou como nunca. Terá valido a pena?

Este foi o ano em que o Governo só conseguiu diminuir as despesas do Estado à custa do corte de dois subsídios aos funcionários públicos. No entanto, segundo os dados publicados esta semana, nem assim conseguirá atingir as metas do défice orçamental. Terá valido a pena?

Este foi o ano em que se inventou uma Reforma Administrativa medíocre, reveladora da falta de coragem e da incapacidade de reformar a sério um país que tem um mapa administrativo obsoleto. Não houve coragem de mexer nos municípios nem de legislar regras sérias e justas no que diz respeito às freguesias. Criou-se uma revolta nos autarcas, independentemente dos partidos pelo qual foram eleitos. Terá valido a pena?

Este foi o ano em que se inventou uma pseudo-reforma do mapa judicial. Uma reforma que vai afastar ainda mais os Portugueses do acesso à justiça, pilar fundamental de qualquer democracia, e que em Portugal há muito sabemos que não funciona da melhor maneira. Será que alguém acredita que ao diminuir o número de tribunais, o número de

juízes e demais profissionais, que o número de processos à espera vai diminuir? Ou que a justiça será mais célere?

Este foi o ano em que os índices da criminalidade, especialmente a violenta, aumentaram significativamente. Curiosamente, durante este ano ninguém ouviu aqueles que tanto falavam de criminalidade no passado.

Este foi o ano em que o Governo deliberadamente tem atacado o Serviço Nacional de Saúde, por ideologicamente ter o objetivo de acabar com ele. Depois de um ano de governação degradaram-se os cuidados de saúde prestados aos portugueses, seja pela instabilidade sentida pelos profissionais de saúde, seja pela diminuição das comparticipações dos medicamentos, seja pelos brutais aumentos das taxas moderadoras.

Este foi o ano em que o Governo foi mais além do que foi acordado com a “troika”, no entanto sempre que lhe dá jeito, para justificar o que por vezes é injustificável, esquece que os Partidos da coligação participaram na sua negociação e renegam o seu próprio contributo

Este foi o ano em que, em todas as ocasiões, o Governo se desculpou com o Governo anterior, mesmo depois de o Sr. Primeiro Ministro ter dito que o nunca se desculparia com o passado.

Foi um ano mau para os Portugueses, foi um ano mau para Portugal.

É certo que eu não sou da área política do atual Governo, e por isso poderá haver leitores que pensem que é num puro espírito de oposição que se inspiram as minhas palavras. Até poderia ser, mas nada mais distante da realidade; vejam as críticas ao rumo seguido que têm sido proferidas por vários destacados militantes do PSD.

Será que alguém acredita que um ano depois a nossa vida melhorou? Julgo que não, mas o pior é o facto de serem cada vez menos aqueles que olhando para trás e para os sacrifícios e privações por que temos passado e que continuaremos no futuro a enfrentar, acreditam que irá valer a pena e que os nossos problemas se resolverão.

Os Portugueses estão a atirar a toalha ao chão e a virar as costas ao seu País, não por falta de coragem, mas por não acreditarem no caminho que está ser trilhado.

Por: Nuno Almeida

* Presidente da concelhia da Guarda do PS

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