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Um abraço

Bilhete Postal

Um “abraçasso”, disse o Caetano Veloso num disco meio amargo meio doce. “Um forte abraço”, dizemos aos amigos. Mesmo bom é dar-te um abraço, sentir-te o peito tocar o meu, sentir que me apertas com as duas mãos. Abraço de um braço só é outra coisa qualquer. Por vezes, de modo maroto, digo que um abraço forte a uma mulher é uma ecografia mamária. Apertamos os peitos e sentimos que se esmagam as mamas. Isso, sem pecado é um “abraçasso”. Um confortável abraço não é um “abreijo”, essa coisa de abraço com beijo. Lá está – é outra coisa. Mas eu gosto muito de abreijos de pai para filho, de irmãos, de amigos até. Porque tendes vergonha desse beijo que o amigo vos dá? No Natal devemos apertar os amigos no peito, ouvir suas vozes por instantes, colher das suas vozes as ternuras, as críticas e os desapontamentos. Podes distribuir “abreijos” e podes verter sobre eles “saudabraços”: a saudade dos seus abraços. Um abraço de um amigo é uma força que se transmite em segundos. Também já senti o abraço de Judas e o conforto do Brutus. Chegam em braços mas têm uma mão escondida. São mãos com cutelos, são pessoas com gládios e preparam de forma requintada a facada que nos dão. No Natal desejo-vos fortes abraços e desencontros com Caim, Judas e Brutus.

Por: Diogo Cabrita

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