Até domingo, ainda pode ver a exposição de Albuquerque Mendes na galeria de arte do TMG. O artista plástico é um dos grandes protagonistas da arte contemporânea portuguesa do momento e mostra na Guarda um trabalho intitulado “trancoso, 17 de Março de 1953” – data do seu nascimento naquela cidade.
Esta exposição não é autobiográfica, mas reúne um conjunto de pinturas, colagens, escultura e instalação criadas entre 1992 e 2009 que foram cedidas por colecionadores particulares. A fotógrafa Andreia Poças define a obra de Albuquerque Mendes como difícil de rotular, uma vez que o artista «cruza sistematicamente no seu trabalho a performance, a pintura e a instalação, para além da “mail art” ou das artes gráficas». Segundo a fotógrafa, «esta justaposição peculiar de géneros, elementos, imagens e objetos serve-lhe para interrogar ironicamente ora os contextos da história da arte, do seu significado e do seu destino, ora alguns mitos iconográficos da religião, da cultura e da sociedade portuguesas». Andreia Poças considera ainda «notáveis o seu humor e utilização tática do grotesco; é o caso das suas colagens sobre os travestis, das suas pinturas sobre as prostitutas ou de uma série de colagens que incluí fragmentos de fotografias extraídas de revistas pornográficas. As obras de Albuquerque Mendes deslocam o que é marginal para a arena pública, com efeitos críticos imediatos mas imprevisíveis, numa sapiente e mesurada aplicação dos códigos kitsch do grotesco contemporâneo».
O percurso artístico de Albuquerque Medes começou em Coimbra, onde estudou e frequentou o Círculo de Artes Plásticas. Influenciado pelo expressionismo, pela “bad painting” e pela herança dadaísta, integrou depois o Grupo Puzzle, um coletivo de artistas que, entre 1976 e 1980, procurava intervir no espaço urbano através de uma ação coletiva, lúdica e liberta de compromissos políticos. Em 1982, fundou com Gerardo Burmester a Associação de Arte – Espaço Lusitano no Porto. Em 2001, foi objeto de uma mostra retrospetiva intitulada “Confesso” no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Atualmente, vive e trabalha em Leça da Palmeira e tem sido uma das mais ativas e intensas presenças na cena artística nacional.