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Última oportunidade para construir Centro de Artes da Covilhã

Falta de verbas obriga Câmara a abandonar concurso público e a negociar nova sala de espectáculos com os dois consórcios concorrentes

A falta de dinheiro para a construção do Centro de Artes da Covilhã obrigou a maioria social-democrata a desistir na última reunião do executivo camarário da proposta apresentada, em concurso público, pelo arquitecto portuense Filipe Oliveira Dias e a aprovar uma «nova fórmula de negociação particular» entre este e outro concorrente, o arquitecto Tomás Taveira.

Esta é a última oportunidade para que a Covilhã possa construir a nova sala de espectáculos da cidade, depois de se ter refugiado ao longo de dois anos em promessas de apoio do Ministério da Cultura e dos fundos comunitários para conseguir as verbas necessárias para a infraestrutura cultural, que rondará os 12 milhões de euros. Nem mesmo a redução em Março passado do projecto inicial de Filipe Oliveira Dias, que baixou o custo da obra para os 8,5 milhões de euros, tornou possível a construção daquele equipamento. Na altura tinha-se procedido à redução do palco de 650 metros para pouco mais de 300 metros, à diminuição da capacidade da sala de espectáculos para 500 ou 600 pessoas em vez dos 800 lugares inicialmente previstos e a substituição de equipamentos da «última geração electrónica japonesa» por «outras vertentes a metade do preço», explicava então o presidente da Câmara. Também os dois cinemas previstos, com lotação para 120 e 80 lugares, foram eliminados naquela revisão devido à construção pelo grupo Sonae de três cinemas no empreendimento comercial “Modelo”, junto ao futuro Centro de Artes.

Carlos Pinto esperava que a redução de três milhões de euros no projecto final facilitasse a afectação de verbas do Programa Operacional de Cultura e da Direcção Regional de Cultura do Centro para completar a comparticipação do município de 25 a 30 por cento. Tal não veio a acontecer, pelo que a maioria decidiu levar a cabo uma nova forma de financiamento para poder iniciar a obra ainda no actual mandato. Com esta medida, autorizada pelo Tribunal de Contas, Carlos Pinto espera poder adjudicar a empreitada ao consórcio vencedor em Março de 2005. Apesar de ter aprovado esta solução, o vereador socialista na Câmara da Covilhã aponta o dedo à maioria PSD por não ter tido «capacidade de convencer o ministro covilhanense Pedro Roseta para obter as verbas necessárias para a obra». Miguel Nascimento criticou ainda a «falha de estratégia política» do executivo liderado por Carlos Pinto quando não soube aproveitar a sua proposta para que a Covilhã se candidatasse em 2006 a Capital Nacional da Cultura. «A Câmara tinha aqui a oportunidade para ter uma programação cultural estruturada e o reforço de verbas para construir ou recuperar os espaços culturais», justifica, lamentando que a autarquia se limite a ser uma «agência de espectáculos». Recorde-se que a obra projectada por Filipe Oliveira Dias, autor dos Centros de Arte de Bragança e de Vila Real, previa um auditório e palco versáteis com grande economia energética e optimização acústica, preparados para acolher espectáculos de teatro, ópera, dança, música electrónica, orquestras sinfónicas, espectáculos de circo, multimédia e congressos, entre outros eventos. Estava também prevista uma sala de exposições, um restaurante com 80 lugares, salas e equipamentos de apoio, enquanto no exterior nasceria um auditório ao ar livre.

Liliana Correia

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