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UBI opta por propina de 700 euros

Reitor justifica valor para equilibrar «minimamente» o funcionamento da universidade face à redução de mais de 400 mil euros do orçamento para 2003

O senado da Universidade da Beira Interior aprovou na última sexta-feira a proposta do reitor Santos Silva e deliberou que a instituição cobre este ano lectivo 700 euros de propina, dividida em quatro prestações (no acto da matrícula, em Novembro, Fevereiro e em Abril). «Trata-se de uma propina intermédia que permite equilibrar minimamente o funcionamento da UBI», justifica Santos Silva, para quem só assim é possível «garantir a qualidade» na instituição. E isto porque o Orçamento de Estado cobre «mal» as despesas de pessoal e de funcionamento, pelo que a única hipótese da universidade é recorrer a «outras formas de financiamento para garantir a qualidade do ensino», sublinha, ainda para mais quando o orçamento para a instituição foi reduzido em mais de 400 mil euros em relação ao ano passado, adianta a “O Interior” Santos Silva.

Para o funcionamento da UBI, o Ministério da Ciência e do Ensino Superior (MCES) atribuiu um “plafond” de 19,8 milhões de euros quando no ano passado a instituição tinha recebido mais de 20 milhões de euros. No que concerne à acção social, apenas as verbas destinadas a pagamento de bolsas é que «subiram mais 376 mil euros que o ano passado» mas que, de acordo com o reitor, «terão que ser reforçadas na UBI» para que se possa garantir os 36 por cento de alunos bolseiros que a instituição possuía no ano transacto pois «o reforço estipulado pelo Governo apenas se adequa à propina mínima».

Sendo assim, a UBI vai receber este ano para pagamento de bolsas aos alunos carenciados um “plafond” de 2 milhões de euros, enquanto que para as outras despesas de funcionamento dos serviços de acção social estão apenas destinados pouco mais de 1 milhão de euros. Embora acuse o Governo de se «desresponsabilizar no financiamento das instituições», Santos Silva continua esperançado que o Governo cumpra a promessa de reforçar ainda mais a acção social «para que nenhum aluno ficaria de fora» por dificuldades financeiras.

Apesar de estar a cumprir a lei, Santos Silva considera «não fazer sentido nenhum» fixar a propina mínima (de 460 euros) ou a máxima (de 852 euros), visto que se assim fosse estaria a assumir uma «posição política». O montante de 700 euros deliberado é o valor que permite à instituição funcionar «minimamente sem qualquer problema», realça, permitindo assim que a UBI se possa posicionar no ensino superior público. «Uma instituição como a nossa, no interior do país, só se pode impor pela qualidade e pela diferença. Mas para isso temos que ter financiamento», acrescenta Santos Silva. Daí que rejeite que os 700 euros poderão limitar a escolha dos alunos pela UBI e levá-los a optar por uma escola privada na área de residência. «Estas não oferecerem as nossas condições», garante o reitor, que recorda que a vida no interior continua a ser mais barata e com mais qualidade. Opinião diferente tem Luís Franco, presidente da Associação Académica da UBI (AAUBI), que, além de rejeitar os argumentos do reitor, considera o valor da propina «penalizante» para os alunos e para a instituição. O dirigente receia mesmo que os alunos «desistam» de estudar ou se transfiram para outras instituições, pois «fica mais barato ir estudar para uma escola privada na área de residência do que na UBI». Nesse sentido, augura um “cenário negro” para a Universidade da Beira Interior na segunda fase de candidaturas ao Ensino Superior. Para já, a única certeza é que os alunos da UBI vão contestar a propina de 700 euros e já terão adoptado acções de luta, decididas em Assembleia Geral de Alunos após o fecho desta edição, para além de se juntarem à greve geral marcada a nível nacional para 21 de Outubro.

Liliana Correia

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