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UBI e IPG com cenários distintos na primeira fase

Universidade da Beira Interior preencheu 86 por cento das vagas, enquanto Politécnico da Guarda ficou-se pelos 38 por cento

A Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) divulgou no domingo à meia-noite os resultados da primeira fase do acesso ao ensino superior. Na Universidade da Beira Interior (UBI) e no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) havia 2.056 vagas, mas entraram 1.404 estudantes, número ligeiramente inferior aos 1.421 registados no ano passado.

Na UBI ingressaram 1.115 novos alunos (menos 33 que há um ano), preenchendo 86 por cento das vagas oferecidas (1.295), sendo que 15 licenciaturas e quatro mestrados integrados ficaram com a totalidade dos lugares ocupados. Pela negativa, destaca-se o mestrado integrado em Engenharia Civil, que não registou qualquer colocação, transitando a totalidade das vagas para a segunda fase. Em termos de colocações, saltam também à vista os casos de Filosofia e Tecnologias e Sistemas de Informação, com um e dois alunos, respetivamente. No que diz respeito à média do último colocado, Medicina tem, como habitualmente, o valor mais alto (17,9 valores), seguindo-se Ciências Farmacêuticas (16,7) e Ciências Biomédicas (16,5). Do outro lado da tabela estão os cursos de Marketing, Estudos Portugueses e Espanhóis e Engenharia Informática, nos quais o último estudante colocado entrou com média negativa (9,5, 9,7 e 9,8, respetivamente).

O reitor da instituição considera que «a universidade está de parabéns», sublinhando que, «num ano em que diminuiu o número de candidatos e de colocados, preencher 86 por cento das vagas na primeira fase é um resultado excelente». Em relação a Engenharia Civil, João Queiroz diz que «já esperava que as coisas pudessem correr menos bem nesta área», mas confessa que contava ter «zero colocações». De resto, lembra que se trata de «uma situação comum em todo o país» e que só os cursos da Faculdade de Engenharias do Porto e do Instituto Superior Técnico obtiveram bons resultados. Para o reitor da UBI, esta situação resulta de um «menor número de candidatos», do «obstáculo das provas de ingresso», mas também da «desmotivação e baixas expectativas dos estudantes no que diz respeito a esta área, pois o setor das obras atravessa um período delicado». Ainda assim, o responsável acredita que se trata de um «cenário circunstancial e transitório» e garante que o curso não está em risco. «Está acreditado e tem certificação de qualidade atribuído pela Ordem dos Engenheiros», para além de «um departamento com todas as condições e um corpo docente qualificado», sustenta.

O contrário poderá suceder com Filosofia, que existe apenas em regime pós-laboral e teve uma única colocação. «As entradas neste curso registam números bastante baixos há algum tempo, pelo que admitimos encerrar esta licenciatura», adianta João Queiroz, que destaca pela positiva o facto deste ano terem ingressado na UBI «mais alunos em primeira opção». Num desses casos, «um aluno entrou em Medicina com média de 19,6», enalteceu.

Colocados no IPG aumentaram 6 por cento

No IPG foram colocados 289 candidatos para um total de 761 vagas, ou seja, apenas foram preenchidas 38 por cento dos lugares. Apesar de negativo, este número até representa um aumento de 6 por cento face ao ano passado, quando entraram 273 alunos. Os cursos de Enfermagem e Farmácia foram os únicos que ficaram com a totalidade dos lugares preenchidos nesta primeira fase, enquanto as licenciaturas em Engenharia Civil e Engenharia Topográfica não tiveram qualquer procura. Há ainda 10 cursos em que o número de colocados é inferior a 10 alunos. Nas notas mínimas, os valores mais altos verificam-se precisamente em Enfermagem e Farmácia, com 13,1 e 12,3 valores, respetivamente. Já Desporto tem o valor mais baixo, sendo o único curso do IPG em que o último colocado entrou com nota negativa (9,5). Seguem-se Gestão de Recursos Humanos, com 10,4, e Gestão Hoteleira (10,8).

O presidente do IPG diz que os resultados «não são nenhuma surpresa, pois não havia condições para esperar outros números». Constantino Rei identifica «razões conjunturais e um desajustamento entre a oferta e a procura» como causas para estes números, defendendo que «é indispensável uma atuação mais assertiva do ministério» sobre as vagas. «É preciso assumir que, se há sete ou oito mil vagas a mais no sistema de ensino superior público, têm de ser suprimidas», considera. O responsável concorda com João Queiroz quanto à situação na área das engenharias, atribuindo culpas à «introdução das provas de ingresso» e à «crise que afeta as empresas de construção civil, que se traduz num maior afastamento dos candidatos». Sublinhando que os cursos de Engenharia Civil e Topográfica «não estão em perigo», Constantino Rei admitiu que o segundo está «a ultrapassar o limiar da razoabilidade», pois «não é viável que durante três anos haja cinco ou seis alunos em cada um dos anos curriculares».

Ainda assim, o professor afirma que «não está planeado suspender qualquer curso» e lembra que «há cursos que sobrevivem através de alunos que entram por outras vias, nomeadamente concursos especiais». Além disso, recorda que o IPG «não vive apenas do Concurso Nacional de Acessos. Por isso, para já não se devem criar alarmismos injustificados nem tirar conclusões precipitadas», conclui.

Número de colocados é o mais baixo em seis anos

Segundo dados do Ministério da Educação e Ciência, entraram este ano no ensino superior 40.415 novos alunos, menos 1.828 que em 2011, sendo o número mais baixo dos últimos seis anos.

O total de candidatos (45.078) foi também o mais baixo desse período, ficando por colocar 4.663 candidatos. Das 52.298 vagas disponíveis este ano ficaram por preencher 12.306, o número mais alto desde 2005, sendo que, num total de 1.122 cursos com vagas abertas em todas as instituições, 559 já estão completos, mas outros 57 não tiveram qualquer candidatura. As vagas utilizadas atingiram as 39.992, com 423 adicionais. A tutela esclareceu que algumas destas vagas adicionais foram criadas para admitir alunos do ensino recorrente que entraram na universidade só com as notas finais do secundário, sem fazer exames nacionais. As matrículas e inscrições dos candidatos colocados decorrem até amanhã, tal como a apresentação das reclamações aos resultados. A segunda fase já está a decorrer e prolonga-se até dia 21, sendo os resultados conhecidos a 27 deste mês e as matrículas feitas até 1 de outubro. Para a terceira e última fase, as candidaturas realizam-se entre 27 de setembro e 5 de outubro. Os resultados serão divulgados a 11 de outubro.

Fábio Gomes Cursos de Engenharia Civil da UBI e IPG não registaram qualquer colocação

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