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UBI desenvolve dispositivo sem fios para obstetrícia e ginecologia

Termómetro intra-vaginal pode contribuir para avanços no tratamento da menopausa e na medicina de reprodução

Uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade da Beira Interior (UBI) está a desenvolver um termómetro, sem fios, para medição contínua da temperatura intra-vaginal para ser utilizado na avaliação de terapêuticas de compensação hormonal, especialmente em mulheres na menopausa. Chama-se UbiThermoRing, é um projecto financiado pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia e já tem uma pré-patente do protótipo registada.

Trata-se de uma investigação coordenada por Martinez Oliveira, docente na Faculdade de Ciências da Saúde, e por Pedro Araújo, do Departamento de Informática. O dispositivo, semelhante aos anéis vaginais de contracepção, promete contribuir, por exemplo, para uma melhor compreensão dos afrontamentos que ocorrem na menopausa, altura em que se dá uma alteração nas hormonas femininas e um aumento do risco de doenças cardiovasculares, ósseas e psiquícas. «Actualmente, utilizam-se apenas dispositivos com fios que são pouco cómodos e práticos», explica Martinez Oliveira, também médico do Departamento de Saúde da Mulher e da Criança do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), ao adiantar que o UbiThermoRing também pode contribuir para o estudo do orgasmo e da fertilidade, assim como para a promoção da gravidez. Apesar de haver já uma pré-patente registada, ainda há «vários aspectos» a melhorar até que o medidor de temperatura possa chegar ao mercado, refere Martinez Oliveira.

Um deles está relacionado com o tamanho. O dispositivo tem 54 milímetros de circunferência e 4 no aro, onde estão os componentes – o sensor, o processador, a memória e a bateria –, «mas queremos ajustar o tamanho», adianta Martinez Oliveira, explicando que a ideia é torná-lo «ainda mais pequeno». O passo seguinte deste projecto, iniciado há cerca de um ano, será o revestimento do próprio aparelho: «Temos que encontrar uma solução e sobretudo uma empresa que o faça, para que não haja contacto com os químicos durante a sua utilização», refere. Segue-se a comercialização: «Para que o produto chegue às pessoas é preciso encontrarmos também uma empresa que queira comercializá-lo, o que não é tarefa fácil», admite Martinez Oliveira. Para o responsável, este é um dos «principais problemas» com que se depara a investigação em Portugal. «É um dos capítulos mais fracos no nosso país», considera o investigador.

Ainda assim, o médico mostra-se optimista quanto à introdução do aparelho no mercado, estimando que esteja pronto para ser comercializado em 2011. Nessa altura, a equipa espera ter já o registo definitivo da patente. «O dispositivo consiste na utilização de tecnologia já usada para outras funções noutras áreas, que resulta num medidor de temperatura muito prático exactamente por não ter fios», explica, por seu turno, Pedro Araújo. «Está testado e não tem radiações, ao contrário de outras soluções que funcionam por transmissão de ondas de rádio e que, por isso, têm consequências ao nível da saúde», sublinha o professor do Departamento de Informática da UBI. De resto, o medidor de temperatura intra-vaginal motivou uma tese de mestrado, intitulada “Avaliação do Perfil Térmico Vaginal na Mulher Climatérica”, apresentada em Junho por uma jovem investigadora que integra a equipa, Tânia Évora. A tese obteve 18 valores.

Pedro Araújo e Martinez Oliveira são os coordenadores do projecto

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