Devido à diminuição do número de encomendas, o turno nocturno da Delphi da Guarda está temporariamente suspenso desde segunda-feira. Deste modo, dos cerca de 40 trabalhares do turno “C” há 28 que estão actualmente em subactividade, ou seja, poderão ser chamados a qualquer momento. Quanto aos restantes 12, estão repartidos entre os turnos “A” e “B” com repercussões directas no seu vencimento, uma vez que deixam de receber o subsídio nocturno.
Inicialmente até chegou a circular a informação de que o turno nocturno, entre a meia-noite e as sete da manhã, iria encerrar definitivamente, mas tudo não passou de «um mal entendido e uma falha de comunicação», refere o delegado do Sindicato dos Trabalhadores dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM) de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra. De acordo com José Ambrósio há 12 trabalhadores que foram «realojados entre os turnos “A” e “B”», respectivamente, que laboram entre as 7 horas e as 15h40 e as 15h40 e as 23h50, enquanto os restantes passaram a ficar «em casa em subactividade», o que significa que, «de um momento para o outro, poderão ser chamados». O também membro da Comissão de Trabalhadores explicou que a directora de Recursos Humanos da fábrica de cablagens para o sector automóvel indicou que esta medida foi tomada porque, «actualmente, há quebras nas encomendas» devido à crise económica.
A responsável terá realçado ainda que esta suspensão por tempo indeterminado seria uma «situação provisória e temporária», que «tanto poderá durar um dia ou dois, como uma semana ou duas», já que «tudo depende dos pedidos dos clientes da fábrica». O sindicalista reconhece que «há que ter a noção de que isto não está bom em lado nenhum, mas estamos confiantes de que a conjuntura irá mudar e que estes trabalhadores serão readmitidos novamente no turno C quando as encomendas assim o exigirem». José Ambrósio adiantou que os 28 operários que ficam temporariamente em casa continuam a receber o vencimento previsto, mas «deixam de receber o subsídio nocturno», o que implica uma redução que chega, em certas situações, aos 150 euros mensais. Também os que foram colocados no turno A perdem o direito a esse valor suplementar, enquanto os do turno B têm direito ao pagamento de um valor adicional por trabalharem até à meia-noite.
«É certo que vai ser uma quebra muito grande no orçamento destas pessoas. Alguns já trabalhavam há muitos anos neste turno e faziam a vida em relação àquilo que ganhavam. Agora terão de fazer um reajustamento», constata. Um dos operários afectados é José Correia, que se mostra «preocupado, tal como todos os outros trabalhadores»: «Ficamos sempre desconfiados quando surgem estas situações, mas os recursos humanos garantiram que seria uma fase passageira e quero acreditar que vai ser mesmo, até para o bem da cidade e da região». Recorde-se que a Delphi da Guarda tem previsto despedir, em Dezembro, cerca de metade dos actuais 960 trabalhadores. Ao todo, há actualmente mais de 100 em subactividade. O delegado do STIMM salienta que os operários têm «preocupações em relação ao futuro», tendo ainda apelado ao Governo «para que, uma vez mais, olhe para a Delphi como uma empresa nacional e importante para o distrito da Guarda», já que é a maior unidade empregadora da região.
Ricardo Cordeiro