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Turistas sem ocupação na Serra da Estrela

Hoteleiros registam «boa» taxa de ocupação, mas criticam a falta de aproveitamento dos recursos da montanha

Mais turistas e mais portugueses do que nos anos anteriores. É esta a constatação dos administradores dos vários hotéis da Covilhã e da Serra da Estrela, mesmo em tempos de crise para muitas famílias portuguesas. Ao que parece, ela é mesmo só para algumas porque, como afirma Luís Veiga, administrador executivo da IBM Hotéis, proprietária do Hotel Turismo, do Covilhã Parque Hotel e do Clube de Campo, «têm vindo muitas famílias e muitos casais com filhos».

As faixas etárias rondam os 30/45 anos e são, «na maioria», profissionais liberais, um perfil «interessante e com poder de compra», adianta Luís Veiga, que contabiliza uma «boa» taxa de ocupação nos três espaços que administra, na ordem dos 60 por cento, «semelhante ao Verão do ano transacto». Para este responsável, o produto sol e mar tem «decaído» devido à emergência de mercados mais baratos que o Algarve, como o Sul de Espanha. Por isso, quem procura férias mais descansadas e fora da confusão, tenta a montanha e a Beira Interior com períodos «mais alargados», considera o administrador executivo da IBM Hotéis. Esta empresa organiza programas internos que incluem as piscinas do Hotel Turismo e do Clube de Campo e outras animações dentro das suas unidades hoteleiras. Relativamente a programas externos, a IBM Hotéis promoveu este ano a Feira Medieval de Belmonte que teve um alcance «superior» ao dos anos anteriores e «pouco mais». «As pessoas que nos visitam continuam a sair daqui desgostosas com a falta de aproveitamento total dos recursos da Serra», lamenta Luís Veiga, garantindo que a «desilusão de Inverno» se prolonga ao longo do ano.

«As pessoas não encontram nada organizado, nem têm a noção do que se pode fazer na montanha», continua, responsabilizando a concessionária do turismo na Serra da Estrela. «Devia promover, mas não se sabe o que está a fazer», considera, lastimando que tenham que ser os hoteleiros a «minimizar essas lacunas». Luís Veiga entende que a Serra da Estrela podia ser destino durante todo o ano, mas «lamentavelmente especula-se para dois ou três meses e esquecem-se os restantes», admitindo que a região podia ter um Verão «muito melhor», dada a apetência do mercado e os recursos da montanha. «A Serra da Estrela é um chavão que vende por si próprio, mas se as pessoas não são acarinhadas nada feito», insiste o empresário, que garante estar «atento» ao que está a ser feito. E adianta que já alertou o secretário de Estado do Turismo para a forma «passiva» como a Turistrela está a gerir os desportos e os programas. «Estamos à espera de alguém sensível», afirma, acusando o governante de «só conhecer» o Algarve e a Madeira (de onde é natural).

Mais portugueses do que estrangeiros na Serra da Estrela

Quanto às duas unidades hoteleiras da Serra, a procura deste Verão tem sido «superior» à do ano passado, com uma faixa etária entre os 25/45 anos. As estadias abarcam apenas as duas e as sete noites, «mais do que isso não», diz Luís Ferreira, administrador da Varanda dos Carqueijais e do Hotel Serra da Estrela, ressalvando que os turistas têm programas feitos. Na verdade, aqueles hotéis disponibilizam um leque de actividades que estão mais vocacionadas para os concelhos limítrofes, como Belmonte e Manteigas, do que para a Covilhã. Aqui, a única indicação dada aos visitantes é o Museu de Lanifícios, já em Belmonte podem visitar três museus (Azeite, Judaico e Eco-Museu do Zêzere) e, em Manteigas, usufruir de actividades ao ar livre. A passagem pelo SkiParque e pela estância de esqui parece obrigatória, com a possibilidade de alugar bicicletas e de fazer uma viagem na telecadeira que, mesmo sem neve, permite «um passeio agradável», adianta Luís Ferreira, satisfeito com a «forte» adesão de portugueses.

Relativamente aos hotéis Meliá D. Maria e Santa Eufémia, ao que “O Interior” conseguiu apurar, a taxa de ocupação parece normal, mas em nada comparável ao Inverno, a época alta destas unidades hoteleiras da Covilhã. Aqui a afluência de portugueses também é superior à estrangeira, mas não dispõem de muitos programas organizados. Estes hotéis preparam promoções que contratam directamente com as agências de viagens e, internamente, possuem o programa de animação “Escapadinha”. Não foi possível a “O Interior” obter mais informações acerca destas unidades hoteleiras porque os seus responsáveis estão de férias.

Rita Lopes

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