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Turismo, um desafio

Um dos principais desafios dos tempos actuais é a criação de emprego sustentável. Depois da crise dos têxteis e da agricultura há que encontrar soluções que promovam o desenvolvimento, a fixação e a atracção de pessoas para a região. Numa economia dinâmica os contributos fundamentais terão que vir do sector empresarial com as autarquias e estado central a criarem condições para o seu desenvolvimento.

Mais empresas e mais emprego, maior dinamismo empresarial e mais capacidade de fixar riqueza, indispensável para assegurar níveis adequados de retribuição com todas as repercussões que daí resultam.

Estou em crer que o Turismo representa ainda, para a Covilhã e para a região em que se insere, uma das grandes oportunidades: A história, a arquitectura, a paisagem, o clima contribuem como ingredientes de fundo que permitem que o turismo possa ser encarado como opção, como aliás o tem sido. Mas a existência na região de uma Universidade e o seu desenvolvimento trazem uma nova oportunidade. Refiro-me ao Turismo Científico.

No passado recente e no futuro próximo ocorreram e vão ocorrer congressos e reuniões científicas que vão continuar a trazer para a nossa região especialistas e profissionais das mais diversas áreas do saber: físicos, matemáticos, escritores, médicos, economistas, historiadores, poetas, críticos literários, entre outros. Em muitos destes eventos vêm inclusivamente especialistas de outras nacionalidades.

Se classicamente os problemas essenciais que limitavam o desenvolvimento desta opção eram o dos espaços, o da capacidade hoteleira e o das acessibilidades. Tal hoje situa-se numa perspectiva completamente diferente com os espaços que as autarquias e a universidade criaram e vão criar, com o desenvolvimento da hotelaria e as melhores vias de comunicação.

Só pelo simples facto de ocorrer um evento científico envolvendo 200 ou 300 congressistas (número relativamente modesto para a dimensão que estes congressos podem facilmente atingir) implica a utilização de auditórios e salas de reuniões, gestão de som e imagem, secretariado, alojamento e refeições, apenas para mencionar alguns dos aspectos envolvidos, e exclusivamente na área cientifica. Geralmente estas realizações têm tempos livres e programa social onde toda a região pode participar, mostrar e rentabilizar as suas mais valias: cultura, tradição, património histórico-natural e outros que a imaginação e a capacidade de realização disponibilizem.

Se a nossa região continuar a saber acolher estes turistas, e no acolhimento todos estamos envolvidos; na disponibilidade e na simpatia como tratamos os forasteiros, as empresas da área têm um grande potencial pela frente.

Na experiência de quem já se deslocou a outras cidades de Portugal ou de outros países, para reuniões deste tipo, há cidades que são recomendadas e outras que o não são. Também para a nossa realidade isso é válido, sendo a capacidade organizativa e o profissionalismo da organização factores essenciais. Mas, também a forma como os visitantes se sentem tratados e a impressão que levam, são factores de grande peso na imagem que irão difundir.

Embora para as empresas existentes e a criar, seja fundamental inovar e ser capaz de ganhar competições cada vez mais exigentes, também todos nós temos que sentir este desafio de futuro e envolvermo-nos na sua concretização.

Temos que continuar a desenvolver a região na perspectiva do turismo e o turismo científico é mais uma oportunidade que se nos apresenta.

Por: Miguel Castelo Branco

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