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Turismo de Portugal autorizado a comprar Hotel Turismo

Negócio vai ser concretizado por 3,5 milhões de euros, desconhecendo-se ainda a data para a escritura de compra e venda

O Ministério das Finanças já autorizou o Instituto de Turismo de Portugal a comprar o Hotel Turismo da Guarda, soube O INTERIOR junto de fonte oficial desta entidade. «Está em curso o processo de aquisição, que já foi aprovado pela tutela e pelo Ministério das Finanças. Oportunamente serão divulgados mais pormenores sobre o projecto anunciado, cuja actualidade se mantém, e sobre o negócio», confirmou a mesma fonte, que se escusou a adiantar datas para a escritura de compra e venda.

Estará, portanto, afastada a eventualidade do negócio não se concretizar devido às medidas de contenção da despesa pública – segundo as quais, qualquer pagamento carece do visto prévio dos serviços de Teixeira dos Santos. Em Junho último, a Câmara da Guarda aprovou por maioria a venda do Turismo por 3,5 milhões de euros ao Instituto de Turismo de Portugal, que se compromete a transformar a unidade num hotel-escola de nível quatro. A maioria sempre defendeu ser esta «a melhor opção» para o espaço, por conciliar as vertentes de hotel e escola, permitindo à autarquia um «importante encaixe financeiro». A vinda do projecto para a Guarda até resultou de «uma intervenção difícil que o presidente teve em Lisboa, junto do Governo e do Turismo de Portugal», realçou na altura o vereador Vítor Santos.

Opinião diferente manifestou o social-democrata Rui Quinaz, que recordou a existência de uma candidatura de 12 milhões de euros ao Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE). Mas sobretudo o facto de um grupo de empresários da Guarda ter manifestado disponibilidade em cobrir a proposta do Turismo de Portugal, tendo chegado a oferecer quatro milhões de euros. De resto, os promotores terão mostrado disponibilidade para incluir a escola de hotelaria no projecto e assumir a Sociedade Hotel Turismo, incluindo os seus 23 trabalhadores, despedidos entretanto e que representaram para a Câmara um encargo de mais de 500 mil euros em indemnizações. Para Rui Quinaz, a autarquia «não teve nenhuma vontade de negociar com eles» e as razões para entregar o imóvel ao Turismo de Portugal só poderão estar relacionadas com a «proximidade política».

Desde Outubro de 2007 que o hotel está a ser gerido pela autarquia, depois da rescisão do contrato com a Predial das Termas. Dos 110 quartos disponíveis antes já só eram utilizados 59, fundamentalmente para participantes de actividades promovidas pela Câmara ou grupos. Em Abril do ano passado, O INTERIOR noticiou que a sociedade Hotel Turismo estava em falência técnica, pelo que, para evitar a sua dissolução, ao abrigo do artº 35 do Código das Sociedades Comerciais, a Câmara da Guarda – a única accionista desta sociedade por quotas – foi obrigada a transferir mais dinheiro para compensar a perda de mais de metade do seu capital social. Na altura, o relatório de contas referente ao ano anterior revelava que o resultado líquido de 2009 e os capitais próprios previsionais estavam «sobreavaliados em cerca de 107 mil euros e 345 mil euros, respectivamente».

Para Vítor Santos, o mau desempenho da sociedade terá ficado a dever-se ao facto de ter «fechado 2009 com um défice de exploração de pouco mais de 101 mil euros. De resto, nos últimos dois anos os custos com pessoal foram da ordem dos 290 mil euros para cerca de 400 mil euros de receitas. «É um custo social que assumimos, pois o objectivo era evitar o fecho do hotel», adianta. O problema é que as circunstâncias de monopólio em que o Turismo trabalhou durante várias décadas mudaram e a unidade nunca foi requalificada, tendo-se deteriorado progressivamente. «Para 3 estrelas, é um hotel que fica muito aquém do que há no mercado», assumiu Vítor Santos.

Recorde-se que a autarquia deixou escapar os apoios do SIVETUR (Sistema de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica) para a requalificação do Hotel de Turismo, tendo sido obrigada a candidatar-se ao Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) “Serra da Estrela”. O que ficou definido desde logo é que o hotel, projectado por Vasco Regaleira na década de 40, seria vendido a privados, sendo que a autarquia, proprietária e actual gestora da unidade, optou pela alienação de quotas por negociação directa.

Luis Martins Turismo de Portugal quer instalar na Guarda um hotel-escola

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