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“Troca de galhardetes” entre Valente e Quinaz

Rede de Judiarias e reunião de IEFP com ex-trabalhadores da Delphi na sala da Assembleia Municipal motivaram “conversa acesa”

«Às vezes, a ignorância é muito atrevida». Este foi um dos “mimos” com que Joaquim Valente presenteou Rui Quinaz, vereador da oposição, na última reunião do executivo realizada na segunda-feira e em que os ânimos chegaram a ficar algo exaltados. Dois dos assuntos que motivaram maior discussão foram a acusação da oposição de «falta de liderança» da autarquia no processo da Rede Nacional de Judiarias e o alegado «aproveitamento político» da autarquia no encontro que o IEFP promoveu a semana passada com ex-trabalhadores da Delphi na sala da Assembleia Municipal.

Durante os trabalhos, o autarca da Guarda classificou de «inqualificável» a posição de Rui Quinaz em relação à Rede de Judiarias e acusou o vereador de que, caso fosse presidente de Câmara, seria «individualista e metido no seu casulo». Quanto às acusações sobre o caso da Delphi defendeu que as afirmações do vereador da oposição eram «descabidas» e «uma coisa sem tino». Na resposta, Quinaz acusou o presidente do município de ter utilizado termos como «pensamento míope, desastrosa intervenção e mesquinhez», tendo acusado Valente de usar uma «linguagem agressiva» e num tom mais alto disse: «Quem é o senhor para com essa arrogância vir dizer o que disse. Não lhe admito isso», sustentou. Aos jornalistas, no final da reunião, o vereador que é um dos representante do PSD na autarquia admitiu que «me exaltei porque não é a primeira vez que, e eu prefiro não responder à letra, mas não admito os insultos e a falta de respeito e não é só com os vereadores do PSD, é para com o órgão e para com a Guarda». Reforçou que Joaquim Valente «repetidamente usa linguagem e um tratamento que é de todo inadmissível. Não admito esse tipo de linguagem e esse tipo de tratamento. A postura do presidente é de pura arrogância e se tiver que haver respostas mais diretas fá-lo-emos». Por sua vez, Joaquim Valente defendeu ser o «que sou. Acho que foi a primeira pessoa que me chamou arrogante», sustentando que «quem está na política tem que ter alguns padrões de atuação política»: «Não vale tudo e nesse sentido acho que a política faz-se com propostas concretas e faz-se política fazendo também coisas. O que acho é que o vereador Quinaz, já não é desde agora, fala muito mas pouco produz. Eu sou mais uma pessoa de ação e assim continuarei».

Antes da ordem do dia, Rui Quinaz elogiou o papel da autarquia guardense na «ideia de valorização do turismo judaico» mas acusou a Guarda de «ceder a liderança do processo à Turismo Serra da Estrela» que alargou a intervenção para além da Beira Interior «e convidou outras regiões de Turismo». Assim, «diluiu-se completamente a ideia central deste núcleo de património judaico que a nossa região devia protagonizar e não protagoniza uma vez mais por falta de liderança da Guarda». Valente desvalorizou a crítica e garantiu que «de forma nenhuma» a autarquia «se colocou numa posição subalterna», assegurando que a Câmara «é das mais importantes da rede», presidindo ao Conselho Consultivo da entidade.

No caso da Delphi, Quinaz defendeu que «se houve apoio aos trabalhadores da Delphi foi por mérito exclusivo do PSD e em concreto da Distrital do PSD. O que lamentamos é que só tenham sido apoiados estes 300 trabalhadores», mas se «a Câmara se tivesse empenhado como era sua obrigação concerteza que teria candidatado também esses trabalhadores. Quer a autarquia, quer o Governo socialistas nada fizeram pelos trabalhadores da Delphi». Por parte da autarquia, Virgílio Bento sustentou que «temos que ter algum bom senso nos comentários que fazemos», explicando que o diretor do Centro de Emprego lhe telefonou a solicitar um espaço para fazer a reunião: «O único local que teria capacidade para 300 pessoas era a sala da Assembleia Municipal e não tivemos qualquer outro empenho. Nenhum de nós apareceu na reunião. Nenhum fez afirmações sobre esse aspeto. Se o vereador quer ver coisas para além disso acho que é um problema que tem que analisar», frisou.

“Rotunda do Minipreço” «é para fazer»

À margem da reunião do executivo, Joaquim Valente garantiu a O INTERIOR que a chamada “Rotunda do Minipreço”, na Avenida de São Miguel, «é para fazer e intervir», mas negou que a empreitada já tenha sido adjudicada. De resto, explicou que «a reorganização daquele espaço está em estudo» e «é preciso amadurecer o projeto», uma vez que «há várias opções, desde logo a direção direta à Urbanização da Corredoura». Assim, «a solução no local precisa de ser avaliada», reforçou.

Ricardo Cordeiro

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“Quem cospe para o ar arrisca-se a que o cuspo lhe caia em cima”.
 

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