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Triste Fado

Corta!

Todos temos aquela canção. Que nos emociona até às lágrimas. Que mexe em algo só nosso, sem nunca conseguirmos muito bem saber como. Ao longo de anos. Desde a primeira audição. Cada um tem a sua. Mas qual é, na realidade, a canção mais triste do mundo? Em The Saddest Music Of The World, o realizador Guy Maddin oferece-nos um concurso mundial para responder a essa questão.

Desde que, há alguns anos atrás, o Imago deu a ver a curta The Heart of the World, que as coordenadas deste realizador canadiano ficaram bem delineadas. Um olhar único, apaixonado e tantas vezes obsessivo sobre o passado do cinema, com destaque para os seus primeiros passos. Os tempos mágicos de uma arte. Sem qualquer espartilho narrativo, a liberdade é total. Para experimentar novos caminhos ou desvirtuar antigos. Com esta longa, a primeira a estrear por cá, a receita continua a mesma. Imagine-se um cruzamento entre o Lynch de Eraserhead, um Ed Wood a tentar imitar Griffith em vez de Welles, as sobras de filmes como Frankenstein e afins, tudo na companhia de um louco director de fotografia. Pode-se também acrescentar os primeiros filmes de Lars Von Trier para tentar dar uma pequena ideia do que aqui se pode encontrar. E a lista poderia continuar infinitamente, mas a surpresa do espectador acabaria sempre por acontecer. Só vendo se poderá perceber que filme é este. O português Edgar Pêra deve ter adorado.

Truffaut

Com um previsível fim-de-semana prolongado a bater à porta, a tentação é grande e irresistível. O Corta! não consegue mesmo deixar de aconselhar a todos os indecisos que queiram sair por uns dias mas que ainda não arranjaram programa suficientemente aliciante para essa fuga, o ciclo que a Cinemateca, em Lisboa, está a fazer da obra integral de François Truffaut.

Depois das integrais de Griffith, Sjostrom, Welles ou Kubrick, chegou agora a vez de ver todos os filmes de Truffaut. Se Godard era o cérebro da Nouvelle Vague, Truffaut era o coração, o lado mais pop, e responsável por alguns dos mais belos filmes franceses de sempre. E aqui, dizer franceses, é provavelmente demasiado redutor. Corrigindo: Truffaut foi responsável por alguns dos mais belos filmes de sempre.

Na Sexta, oportunidade para ver (ou rever) A Noiva Estava de Preto, A Sereia do Mississipi e A Mulher do Lado. Para Sábado, durante a tarde, o filme de culto, baseado no livro com o mesmo nome de Ray Bradbury, Fahrenheit 451. Para despedida destes dias cinéfilos, uma guerra dos sexos, com Uma Bela Rapariga.

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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