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Trilogia Adolescente

Corta!

Saber que filmes como «A Estranha Vida de Igby» ou «Bully – Estranhas Amizades» estiveram quase para não estrear entre nós, e que talvez somente pelo sucesso de «Elephant», tal foi possível, é algo de, no mínimo, preocupante. Quantas não serão afinal as pérolas por aí perdidas?

Estreados por cá quase ao mesmo tempo, Igby e Bully são filmes que, focando-se ambos na adolescência, nos mostram duas visões bem distintas da mesma. «Bully», filme de Larry Clark anterior a «Ken Park», mantém o estilo guerrilheiro e voyerista do seu realizador, com a presença constante de jovens que mais parecem fantasmas, deambulando sem sentido, procurando os limites de tudo para que possam assim sentir algo, nem que apenas ligeiramente. Tudo isto para Clark mostrar o caso verídico de um grupo de amigos que decide, um dia, matar um amigo. Só isso. Decide matar. Se no inicio parecia existir um motivo para tal, o que choca realmente é descobrir-se precisamente o contrário e que tudo afinal não passava de nova tentativa para conseguir sentir algo.

Em «A Estranha Vida de Igby» a adolescência que nos é revelada também não é pacifica, mas a forma encontrada de pacificação é bem diferente. Repleto de alguns dos mais fabulosos diálogos do cinema recente e com, definitivamente, o mais estranho inicio de um filme nos últimos meses (anos?), as aventuras de Igby (com um promissor xxx) apenas pecam pela superficialidade em que deixa ficar tudo o que de bom vai oferecendo ao longo do filme. Para completar a «trilogia teen» do momento, uma breve referência a «Treze – Inocência Perdida», numa visão feminina de um mesmo problema. Mesmo não mostrando um caso verídico, como em «Bully», este é dos três o filme mais realista, mas também o mais frágil, não conseguindo muitas das vezes afastar-se do estilo televisivo «casos da vida real».

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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