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Tribunal julga homicídio brutal em Manteigas

Maria da Graça é acusada de ter morto o marido e feito desaparecer o corpo em Setembro de 2005

A mulher suspeita de ter morto o marido em Manteigas, em 2005, começou a ser julgada na semana passada por homicídio qualificado no Tribunal da Guarda. Maria da Graça Leitão, de 58 anos, é ainda acusada de ter feito desaparecer o corpo, mas na última quarta-feira negou os crimes que lhe são imputados.

«Não tenho nada a ver com isso», disse a arguida, acrescentando que nunca se divorciou de Luís Leitão porque tinha «esperança de voltar a viver com ele». A acusação refere que Maria da Graça terá usado um objecto «contundente ou corto-contundente» para consumar o homicídio. Contudo, a arma do crime nunca foi encontrada, mas um dos peritos da Polícia Judiciária (PJ) referiu na primeira sessão do julgamento que «os vestígios hemáticos demonstram que não foi uma arma de fogo ou uma arma branca cortante. Foi um objecto mais contundente, como uma marreta, um machado, uma barra de ferro ou até um taco de basebol», disse, baseando-se nos resultados dos diversos exames forenses. De resto, à falta de corpo e de arma, os técnicos do Laboratório da Polícia Científica tiveram que se esmerar para deslindar o caso, cujo inquérito só ficou concluído quatro anos depois dos factos.

Em Outubro do ano passado, a PJ da Guarda não tinha dúvidas que a mulher assassinou «barbaramente» o próprio marido dentro de casa, isto com base em vestígios de sangue encontrados no local. Na semana passada, o perito forense – estão arrolados dez – confirmou que o corpo foi arrastado para o exterior da habitação, tendo sido detectadas as marcas de uns sapatos apreendidos a Maria da Graça, que não terá conseguido justificar os resíduos de sangue. «O padrão das pegadas é claro e demonstra que o sangue foi pisado quando ainda estava líquido», adiantou o mesmo perito. O crime remonta a 24 de Setembro de 2005, quando Luís Leitão, de 55 ano, foi dado como desaparecido. De acordo com a Judiciária, a vítima e a mulher «viviam separadamente, em andares diferentes e autónomos do mesmo edifício», apesar de casados, sendo que decorria o processo de divórcio. Exploravam, em conjunto, um bar-restaurante na Senhora dos Verdes, o “Glaciar”.

Além do corpo e da arma do crime nunca terem sido encontrados, a arguida «limpou toda a habitação». Segundo a PJ, na origem do crime terá estado a infidelidade da mulher, sendo que o marido a terá encontrado com o amante, em casa, dias antes. Na altura, a vítima terá sido agredida com um ferro de engomar pela mulher após uma discussão e foi apresentar queixa na GNR. Nessa noite, Luís Leitão pernoitou em casa do irmão. No dia seguinte, voltou para a sua casa e por lá ficou, com a mulher. Foram o irmão e a cunhada que comunicaram o desaparecimento do homem à GNR, cinco dias depois de ter sido visto, pela última vez, à porta da sua moradia. A PJ ainda chegou a deter a agora arguida ao fim de alguns meses, mas Maria da Graça acabou libertada. A segunda sessão do julgamento estava marcada para ontem.

Luis Martins Segunda sessão do julgamento estava agendada para ontem na Guarda

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