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Tribunal Europeu do Ambiente reúne-se em Trancoso

Alguns dos mais importantes pensadores contemporâneos vão procurar encontrar “As Origens do Futuro”

Trancoso acolhe, entre 26 e 28 de Outubro, o primeiro encontro em Portugal do Tribunal Europeu do Ambiente. Apesar do nome, este organismo não julga causas, nem emite sentenças, mas promete uma abordagem transdisciplinar das questões ambientais, com convidados oriundos de vários países e diversas áreas, como a física, a antropologia, a arte, a arquitectura ou o direito.

O Tribunal nasceu no início dos anos 90 em Bruxelas, com o objectivo de se tornar um órgão vinculativo das Nações Unidas, mas o conceito foi reformulado mais tarde. Para Emanuel Dimas Pimenta, arquitecto e músico, actual director do Tribunal e um dos responsáveis por esta mudança de perspectiva, uma estrutura pesada seria pouco eficaz. «As grandes estruturas não são necessariamente eficientes. A intervenção do tribunal passa pelo indivíduo. Julgo que o tribunal é mais eficiente se for cada um de nós», disse à Agência Lusa. Emanuel Dimas Pimenta considera, aliás, que «julgar uma questão ambiental é um absurdo». «O direito à defesa implica recursos e várias instâncias. Isso faria com que, no caso de um julgamento de uma catástrofe ambiental, se passassem 20 ano s até à sentença. O mais importante é consciencializar as pessoas, fazer com que cada cidadão tenha uma abordagem mais activa perante o ambiente», afirmou o responsável do encontro.

O tribunal manteve assim a designação, mas tornou-se numa tribuna de reflexão que traz agora a Portugal alguns dos mais importantes pensadores contemporâneos. Sob o tema «As origens do futuro», o encontro junta 10 personalidades internacionais e nacionais, entre os quais o físico Dan Schtchman, que descobriu um novo estado de matéria; o antropólogo indiano Arjun Appadurai, especialista em questões de identidade e violência; o advogado Durval de Noronha, árbitro da Organização Mundial de Comércio; ou o especialista em novos meios, David Wilk, que vai abordar o futuro do papel electrónico. Além dos conferencistas, o encontro conta também com a apresentação de projectos internacionais diversificados na área do desenvolvimento do biodiesel, educação ambiental e poluição. «A base das questões ambientais é o pensamento. Temos de nos questionar sobre a maneira como vivemos porque tudo o que fazemos tem impacto no planeta», salientou o mesmo responsável, acrescentando que o Tribunal pretende manter-se como entidade independente, orientada para a livre troca de informação e tomando o ambiente como uma questão antropológica.

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