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Transportadoras criam sociedade para ultrapassar a crise

Dezoito empresas do distrito decidiram juntar-se para ganhar escala e competitividade no sector do transportes de mercadorias nacional e internacional

Está a nascer, na Guarda, aquela que pode vir a ser uma das maiores transportadoras de mercadorias do país. O embrião junta, por enquanto, 18 empresas do distrito, que representam uma frota de 300 camiões e empregam cerca de 500 pessoas, mas há mais adesões em perspectiva e algumas delas de fora da região. «É um projecto regional com ambição nacional e até internacional. O objectivo é ombrear no mercado externo com as grandes transportadoras do país», adianta Manuel Torres, director do Gabinete de Apoio ao Empresário do NERGA (Associação Empresarial da Região da Guarda), que lançou o desafio.

O projecto pretende pôr em prática a velha máxima que diz que “a união faz a força”. «Não há empresas no distrito com dimensão para levar esta ideia para a frente, por isso sugerimos que o melhor era juntarem-se para ganhar escala e serem todas mais competitivas em termos comerciais, administrativos e logísticos», acrescenta aquele responsável, que também considera possível chegar aos mercados emergentes do Leste europeu e do Norte de África. Um estudo, encomendado pelo NERGA no ano passado, sobre este sector de peso na região deu o mote. «As conclusões aterrorizaram-me, porque os transportes enfrentavam gravíssimos problemas, pelo que havia que estudar alternativas», reconhece Manuel Torres, dizendo que actualmente cerca de 40 por cento das frotas estão paradas. Uma delas foi a criação desta sociedade anónima para «evitar esforços individuais em detrimento de um esforço colectivo que permitisse reduzir custos e ter uma área comercial mais forte de forma a aumentar os proveitos dos aderentes», refere.

A ideia já foi aceite por 18 empresas, que delegaram numa comissão instaladora a sua concretização. A sociedade, cujo nome ainda não é conhecido, terá um capital social inicial de 250 mil euros, que será subscrito pelas transportadoras fundadoras e estará aberto à participação de outras empresas e empresários com actividades que possam contribuir para o seu desenvolvimento. «Queremos criar uma empresa de referência neste sector em cujo capital social o NERGA admite vir a participar», sublinha o empresário. De resto, Manuel Torres, porta-voz «acidental» do projecto, espera também que as autarquias do distrito venham a contribuir para a sua implementação através de capital ou da cedência de espaços. «Os responsáveis autárquicos devem apoiar este projecto porque estamos a tentar resolver-lhes problemas sociais que podem vir a ter quando algumas destas empresas fecharem portas», alerta.

Outro assunto por resolver é a localização da sede. O director do Gabinete de Apoio ao Empresário sustenta que a Guarda será «o local ideal», mas vai avisando que a empresa instalar-se-á onde houver mais apoios. «Um município já manifestou a intenção de ceder um espaço, esperemos que a Câmara da Guarda, até por causa da plataforma logística, não deixe escapar esta oportunidade», sublinha, concedendo que esta solução mais não é do que as transportadoras da região a prepararem a saída da crise. Segundo Manuel Torres, o projecto deve arrancar nos próximos seis meses para estar a trabalhar em Janeiro de 2010. Os estudos iniciais estimam que, no primeiro ano de actividade, a sociedade terá uma facturação de 60 milhões de euros, possua uma frota de 500 camiões e empregue entre 2.000 a 2.200 pessoas.

Luis Martins

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