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Trancoso regressou ao século XIII durante dois dias

“Festa da História” atraiu centenas de pessoas no último fim-de-semana

Trancoso viajou até ao século XIII no último fim-de-semana por ocasião da segunda edição da “Festa da História”, organizada pela autarquia local. À semelhança do ano transacto, o certame voltou a atrair a presença de várias centenas de pessoas que não quiseram deixar de ver passar o cortejo das bodas de El-Rei D. Dinis com D. Isabel de Aragão. O centro histórico da cidade medieval encheu-se de inúmeros figurantes e actores, trajados à época, músicas antigas, falas de outros tempos, bem como tendas de variadas artes e ofícios e as típicas “tavernas” de comes e bebes.

No sábado, enquanto o momento mais esperado da tarde não chegava, os visitantes aproveitaram para dar uma volta pelas inúmeras barracas espalhadas pela Rua da Corredoura e Largo D. Dinis, empolgados pela música alegre e festiva da gaita de foles, bombos, pandeiretas ou matracas. Ourives, sapateiros, albardeiros, latoeiros, cordoeiros, vendedores de licores, doçarias conventuais, queijeiros e padeiros, com os respectivos vendedores trajados a preceito, chamaram a atenção dos transeuntes. Não faltaram ainda alguns artesãos a trabalhar ao vivo, mostrando as suas habilidades. Nesta viagem à época medieval foi devidamente recriado o burburinho dos mercados populares com os pregões dos quinquilheiros e dos almocreves a coabitarem com o fingimento dos bobos, saltimbancos, jograis e a música dos trovadores. Todo este cenário foi reproduzido, até ao pormenor mais ínfimo, por grupos profissionais, alunos da Escola Profissional de Trancoso e populares. O movimento começou então a crescer com os figurantes e os vários grupos a convergirem todos para o mesmo ponto. El-Rei D. Dinis acabava de chegar ao recinto.

Acompanhado por um vasto cortejo de acompanhantes, o soberano iniciou a viagem com destino ao centro da praça onde iria esperar pela chegada da sua amada, D. Isabel de Aragão. Na vasta comitiva saltavam à vista os misteriosos e penetrantes olhos amarelos de uma coruja, a quem o tratador dava comer com a boca, e ainda duas cobras que mantiveram os curiosos à distância. Finalmente, D. Isabel de Aragão chegou junto de El-Rei D. Dinis, para gáudio de toda a gente. Entre as várias ofertas com que os reis foram presenteados, houve uma que foi recebida com bastante renitência, uma “respeitadora” cobra. D. Isabel de Aragão passou logo “a pasta”. D. Dinis, para dar o exemplo aos seus súbditos, aceitou mas só depois de muita hesitação e, com um olhar bastante assustado, lá deixou que lhe colocassem o intimidante animal ao pescoço real. A boda terminou com bastante alegria e música, com os reis, casados de fresco, a passearem pelo recinto.

Unidos os reis, os visitantes não puderam deixar de fazer uma ronda pelas várias “tavernas”, de várias associações e colectividades locais, instaladas no recinto. As propostas gastronómicas eram bastante diversificadas. Desde o tradicional caldo “farta brutos” à carne de porco e chouriço assado na brasa, devidamente acompanhados de uma boa broa e regados com um belo vinho tinto. A noite terminou com a ceia medieval e o assalto ao Castelo. As festividades continuaram no domingo, durante todo o dia, com a feira a ser encerrada já à noite com um espectáculo de fogo.

Ricardo Cordeiro

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