A Câmara de Trancoso vai solicitar à tutela a inclusão do município na rede de cuidados de saúde de Viseu. A opção está sustentada numa moção, aprovada na última Assembleia Municipal, que não poupa os médicos do hospital da Guarda.
O documento, ratificado pela maioria dos deputados municipais, fala mesmo num «clima de desconfiança em relação ao Hospital Sousa Martins, alimentado por sucessivos exemplos de grosseiros erros médicos, praticados em vários munícipes, o que origina um sentimento de insegurança na população do concelho». Além disso, os trancosenses acrescentam que, no distrito da Guarda, «não há estruturas públicas de saúde com padrões de qualidade», enquanto o hospital é classificado como «uma não realidade, sucessivamente adiada, continuando por requalificar e carecendo de recursos humanos e técnicos». Neste cenário, os eleitos pretendem seguir o exemplo dos concelhos de Aguiar da Beira e Vila Nova de Foz Côa, que vão ficar dependentes do Hospital São Teotónio.
Uma opção com a qual concorda o presidente da autarquia. Para Júlio Sarmento, esta moção defende os interesses dos munícipes. «É mais do que uma provocação, é uma chamada de atenção para a falta de capacidade reivindicativa da Guarda e representa, sobretudo, uma real defesa dos direitos constitucionais à Saúde dos trancosenses», considera. O edil garante também que «o problema não é só da construção civil. É de requalificar a Urgência, criar novas valências, mais e melhores meios humanos, melhores meios auxiliares de diagnóstico, o que vai muito para além da construção civil». Nesse sentido, a Câmara já comunicou à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro a sua indisponibilidade para integrar quaisquer agrupamentos de centros de saúde no distrito a que pertence e a própria Unidade Local de Saúde da Guarda.
Mais ambulâncias de suporte básico de vida no distrito da Guarda
Desde segunda-feira que três ambulâncias de suporte básico de vida (SBV), operadas por profissionais do INEM, estão estacionadas nos centros de saúde do Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Trancoso.
No primeiro caso a equipa está operacional apenas durante a noite, das 20 às 8 horas. Nos restantes municípios funcionam 24 horas por dia. Estas ambulâncias destinam-se ao transporte de doentes em situação de emergência médica e são tripuladas por dois técnicos de emergência. Do seu equipamento faz parte um desfibrilhador automático externo e material de avaliação e estabilização, quer nas vertentes de trauma e de doença súbita. A propósito da chegada desta ambulância, Júlio Sarmento considera que «é um passo na melhoria da resposta» aos seus munícipes, mas acredita que o facto de não ter médico e um enfermeiro adstrito ao serviço, «acaba por não ser uma melhoria muito significativa».
De resto, garante que este serviço «não faz esquecer a reivindicação de um Serviço de Unidade Básica de Saúde em Trancoso, atendendo aos resultados demográficos e outros indicadores do INE e à circunstância do concelho estar situado junto ao IP2».
Luis Martins